O Coletivo Nacional Enegrecer
teve sua participação pautada pela questão do extermínio da juventude negra, participando
de debates que trouxeram a tona como o capitalismo, o machismo e o racismo são
excludentes e assassinam a juventude negra no Brasil.
Os debates propostos
pelo Enegrecer deram conta de debater a Desmilitarização da polícia. Apontou e
denunciou números assustadores do extermínio da juventude negra por parte da
polícia, a quem entendemos que seja o braço do Estado, logo sendo o próprio
Estado. Esse é o mais nítido racismo Institucional, que mata e justifica pela
idade, cor da pele e pelo território de habitação essas mortes. O Enegrecer
propôs um novo modelo de Segurança pública, que só será possível dentro de uma
sociedade que rompa com essa forma de organização social chamada capitalismo e
se revolucione em Socialismo.
Segurança pública dos e
para os cidadãos. Pensando uma nova ótica para a polícia, mais cidadã, mais
preventiva, educativa e participativa. Desmilitarizar a polícia significa um
novo modo de ser Polícia. Entendemos que
territórios de paz, políticas de segurança pública só terão êxito se a
população puder intervir e deliberar a polícia que queremos e para que a
queremos. Uma polícia que tenha corregedorias internas, mas e fundamentalmente
corregedorias externas, ouvidorias. A polícia investiga, prende e até mesmo
mata com autorização da lei. Porém quem fiscaliza a polícia? Esses anseios
ficaram expressos no espaço de debate. Porque temos visto a juventude negra ser
brutalmente morta pelo Estado, através de seu instrumento de opressão chamado
polícia, e isso ser naturalizado, banalizado e aceito como correto. Porém
denunciamos que não, a Juventude quer viver. Juventude Negra Viva. O papel da
polícia deve ser proteger os cidadãos. Porém quem são os
cidadãos? A juventude negra, periférica também é cidadã. Queremos que a nossa
cidadania seja reconhecida e respeitada.
Ficou expressa também a
responsabilização do Estado, na formação dessa polícia, reiteramos que ela é
usada por ele para conter, reprimir, oprimir e por ordem. Então o nosso
questionamento primeiro, não é da ação da polícia, mas do Estado que comanda
essa polícia. A formação desses policiais é feita á partir da ótica
capitalista, racista e machista do Estado. Logo temos a raiz do Problema, ou
seja, precisamos transformar o Estado. Ele tem o dever constitucional de
garantir a segurança pública a todos, segurança universal. Todavia, temos visto
o Estado garantir à proteção a propriedade privada, a classe rica e excluir a
população pobre, preta do guarda-chuva chamado segurança. Afinal ele enxerga a
população das periferias, a população jovem, negra, pobre, como o inimigo
prioritário. Estamos vivendo um processo de Higienização étnica, fundamentada
num conceito de segurança racista, machista, capitalista. A negação da
cidadania a juventude negra.
Deparamo-nos com um
novo movimento chamado Rolezinho, que demonstra que na visão desse Estado, que
comanda essa polícia que mata a juventude negra, espaço público é para outras
pessoas, que não é a juventude negra, da favela. O Enegrecer fez o debate sobre
o Extermínio da juventude: da criminalização do Rolezinho à morte física. Este
espaço trouxe várias denúncias, do ponto de vista da opressão territorial,
cultural, econômica, étnica que a juventude negra sofre. A morte da juventude
negra, não está causando efeito nenhum ao Estado burguês. Mas a sociedade está
em débito com as famílias dessa juventude. Muitas vezes essas mortes são justificadas
pelo tráfico de drogas, a criminalização dessa população, que nem sempre é a
verdade, e mesmo se fosse não justificaria. Porém a criminalização universal da
população da favela é um fato. Morar na favela é sinônimo de ser bandido. A
quem ter servido esse estereótipo? Ao Estado Capitalista, Racista, Machista.
A nossa luta é luta de
Classe. Não existirá Socialismo enquanto houver racismo. A única forma de mudar
essa história é denunciando, dando consciência ao povo negro e a própria
sociedade, do quão violento tem sido a relação Estado X Juventude Negra.
O Fórum proporcionou
que denunciássemos e ao mesmo tempo apontássemos o caminho. O Caminho é o
Socialismo. O caminho é a Revolução Democrática. Temos os fatores causais do
extermínio da Juventude Negra: Capitalismo, machismo e racismo. Esses são os
nossos alvos de destruição. A polícia serve ao Estado, por isso ela mata a
juventude negra. Enquanto o Estado for Racista, continuaremos a ser o alvo
prioritário de Extermínio da Polícia, continuaremos a ser criminalizados pela
cor da nossa pele, pelo território que habitamos e pela renda que temos. Não existe
Igualdade sem equidade.
Temos conseguido
avançar nas políticas públicas porque esse governo tem colocado na agenda política
as questões étnicas. Ao mesmo tempo em que ao temos novas políticas no âmbito
racial, o reacionarismo e o preconceito racial exacerbam-se. Cotas Raciais,
Demarcação de Quilombos, respeito às Religiões de Matriz Africana, tem
provocado algumas mudanças importantes a vida da população negra. Porém ainda
há muito em que avançar.
Citamos o exemplo do
Rolezinho. Achamos legítimo o movimento de ocupar os espaços onde até pouco
tempo a juventude negra periférica fora excluída. Todavia o shopping Center é
um símbolo capitalista do consumo. Queremos que a juventude tenha espaços de
convivência, de cultura, de acesso às artes, que vá ao cinema, que tome o seu
sorvete, mas que acima de tudo não seja vítima do Capital.
Este tem explorado e
extorquido do povo brasileiro o que pode e o que não pode. Lugar da juventude
negra e em todo lugar. Mas não podemos confundir que o lugar ideal seja, por exemplo um shopping, capitalista. O pano de
fundo do debate não é o espaço shopping, mas acesso a todo lazer que um ser
humano merece ter. Independente da renda, da cor da pele, do local onde mora.
Questionamos inclusive a função social capitalista dos shoppings centers. Por isso reafirmamos a nossa luta é contra o capitalismo.
Ele tem exterminado, excluído, oprimido a juventude negra. Isso são fatos,
comprovados por dados e pesquisas. A cada quatro jovens mortos, três são
negros.
Pra mudar essa
realidade, precisamos inclusão social e econômica da juventude negra, mas
fundamentalmente um novo mundo possível, socialista, feminista, anti-racista. Essa
mudança depende da nossa luta diária e constante contra o Capitalismo. O nosso
foco era aproximar novos jovens, que se identificassem com nossas pautas e
consequentemente se dispusessem a construir uma nova cultura política. Pensar
uma sociedade diferente, onde a juventude negra possa viver, sonhar e ser
protagonista da sua vida. O FST 2014 nos
trouxe acúmulos teóricos e de novos membros ao Enegrecer. Temos o compromisso de
em 2014 organizarmos essa nova juventude que se aproximou, e dar uma formação
classista, anti-racista, feminista a ela.
Esse Fórum também teve
uma característica muito importante, pois o Enegrecer fez uma parceria
Estratégica de Agenda, colada a Marcha Mundial das Mulheres. Compartilhamos
espaços, juventude negra e mulheres feministas. Isso proporcionou
enriquecimento aos nossos debates. A MMM contou com a presença de Yildiz
Termurtukana da Turquia e da Wilhelmina Trout da África do Sul. Essa ponte Enegrecer/Marcha
proporcionou que debatêssemos a Crise Mundial, o Apartheid da África em
comparação ao Apartheid geracional, étnico e econômico que estamos vivendo no
Brasil e Reforma Política. Podemos construir o conceito de Reforma Política
queremos, feminista, anti-racista. A juventude negra quer estar em todos os
espaços, as mulheres também querem estar em todos os espaços e isso só será
conquistado se a nossa unidade for requisito. O Fórum Social Temático
proporcionou essa unidade. Entendemos que o nosso inimigo comum é o
Capitalismo. Mulheres, jovens, negros e negras, unidas/os na luta contra o
sistema Neo-liberal, por um outro mundo possível!