sábado, 12 de novembro de 2011

A JPT e a revolução democrática


Por Joanna Paroli

O II Congresso da Juventude do Partido dos Trabalhadores está inserido em um cenário de importantes mudanças globais e em um momento em que a juventude retoma a centralidade para as necessárias transformações. Situamos o congresso nesse contexto, pois acreditamos que ele não deva ser apenas um evento interno do PT, mas um espaço que pode contribuir globalmente com o fortalecimento do partido nesta segunda década do século 21.

De maneira geral, as respostas ultraliberais à crise mundial têm prevalecido nos países centrais. A ausência de alternativas à esquerda reflete o duro golpe sofrido pelos trabalhadores e a desorganização dos partidos socialistas nesses países. Também não seria errado afirmar que a manutenção de um cenário diferente na América do Sul e no Brasil, em particular, está diretamente relacionado à presença do campo democrático e popular, dirigido pelo PT, no governo do nosso país.

Após a terceira vitória consecutiva sobre os conservadoras no país, o PT precisa se revitalizar, reforçando a sua opção pelo socialismo democrático e recompondo laços com a juventude brasileira. Acreditamos que as gerações constroem sua identidade apropriando-se das lutas latentes do período, conduzindo eventos marcantes e constituindo uma memória coletiva. Isto é, formar a geração da revolução democrática exige o fortalecimento cada vez maior dos laços do PT com a luta democrática e socialista.

Em todo o mundo a juventude, mais uma vez, tem demonstrado ser a ponta de lança das grandes lutas contra o capitalismo. No Brasil vivemos ainda uma situação nova. As conquistas vivenciadas nos últimos anos está formando uma geração diferente que está recompondo os sonhos aniquilados pelo neoliberalismo ao mesmo tempo em que constrói uma intervenção mais realista e pragmática. Soma-se a isso o fator demográfico do país, os jovens representam 25% da população brasileira, a juventude adquire uma dimensão estratégica para o PT e para o sucesso do nosso projeto no Brasil.

Fortalecer uma organização partidária que dê conta de dialogar com a juventude brasileira é fundamental nesse contexto. Conquistar definitivamente essa nova geração significa manter vivo o projeto petista por pelo menos mais 30 anos. Por isso, acreditamos que os desafios do II Congresso da JPT não são apenas da juventude petista, mas do conjunto do partido.

Internamente, precisamos cada vez mais de um partido democrático e militante, e de uma juventude mais fortalecida para disputar seus rumos. O 4º Congresso do PT sinalizou com a renovação como necessidade na nossa organização partidária. Não só os 20% de jovens, mas também a decisão de paridade entre homens e mulheres nos espaços de direção caminharam nesse sentido. A formalização, no Estatuto, do entendimento da JPT como instância e a importância de valorizá-la política e materialmente, abre muitas possibilidades para os próximos anos.

Precisamos instituir direções municipais que disseminem as discussões encaminhadas nas instâncias estaduais e nacional e dê vida ativa à nossa juventude. Nessa gestão que se encerra, tivemos bons momentos de mobilização, como a Caravana Nacional nas eleições de 2008 e o Encontro Nacional em 2010. Entretanto, no conjunto das atividades, acumulamos pouco para a construção política da JPT. Para além do modelo organizativo, é preciso pensar uma diretriz política que organize a próxima gestão e faça o diálogo com os estados e municípios.

A JPT, tanto na sua tarefa partidária como na militância cotidiana no movimento social e na esfera institucional, não deve titubear na defesa radical do programa socialista. Isso significa unificar as agendas e construir mobilização popular. O governo Dilma precisa aprofundar as mudanças promovidas nos últimos oito anos. Por exemplo, a inclusão social deve ser combinada com mais distribuição de renda e construção de autonomia. No bojo das Políticas Públicas de Juventude (PPJs), é necessário desenvolver uma Política de Estado, com marcos legais e planejamento, além de reforçar o conjunto de políticas que indiretamente impactam a vida dos/as jovens.

Para a juventude trabalhadora, em específico, o maior dilema é o de conciliar o tempo de trabalho e estudo. É preciso mais políticas públicas que valorizem o direito ao tempo livre e acesso ao lazer e bens culturais para as juventudes. Em paralelo, é necessário fortalecer a agenda do trabalho decente, combatendo mecanismos de precarização e flexibilização das relações de trabalho que afetam duramente a vida dos jovens. Deve ser assegurado o direito ao acesso e permanência na sala de aula, nos Ensinos Médio e Superior, evitando a entrada precoce do/da jovem no mundo do trabalho.

Por fim, é importante formular uma política que conduza a organização de base da JPT, pautada no fortalecimento do processo de formação dos filiados e militantes juvenis e da importância da discussão feminista na nossa juventude. Somado a isso, a juventude deve ser o setor de vanguarda no PT, articulando pautas que dialogam com a dimensão das liberdades individuais: respeito à diversidade como estruturante das relações sociais, luta pela legalização do aborto e autonomia das mulheres. Para isso, é preciso sair do II Congresso com uma campanha pública, que em nossa opinião deve ter o mote dos “Direitos da Juventude”, que cumpra o papel de mobilizar a juventude petista militante e disputar os valores do conjunto da juventude brasileira.

Joanna Paroli é ex-diretora da UNE e militante do partido na Bahia, candidata à secretária Nacional de Juventude do PT pela tese Avante!

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