terça-feira, 31 de agosto de 2010

Se dependesse do DEM, ProUni não existiria

Elio Gaspari
29/08/2010

Em benefício da qualidade do debate eleitoral, é necessário que seja esclarecida uma troca de farpas entre Dilma Rousseff e José Serra durante o debate do UOL/Folha. Dilma atacou dizendo o seguinte: “O partido de seu vice entrou na Justiça para acabar com o ProUni. Se a Justiça aceitasse o pedido, como você explicaria essa atitude para 704 mil alunos que dependem do programa?”

Serra respondeu: “O DEM não entrou com processo para acabar com o ProUni. Foi uma questão de inconstitucionalidade, um aspecto”.

Em seguida, o deputado Rodrigo Maia, presidente do DEM, foi na jugular: “Essa informação que ela deu é falsa, mentirosa”.

Mentirosa foi a contradita. O ProUni foi criado pela medida provisória 213 no dia 10 de setembro de 2004. Duas semanas depois o PFL, pai do DEM, entrou no Supremo Tribunal Federal com uma ação direta de inconstitucionalidade contra a iniciativa, e ela tomou o nome de ADI 3314.

O ProUni transferiu para o MEC a seleção dos estudantes que devem receber bolsas de estudo em universidades privadas. Antes dele, elas usufruíam benefícios tributários e concediam gratuidades de acordo com regras abstrusas e preferências de cada instituição ou de seus donos.

Com o ProUni, a seleção dos bolsistas (1 para cada outros 9 alunos) passou a ser impessoal, seguindo critérios sociais (1,5 salário mínimo per capita de renda familiar, para os benefícios integrais), de acordo com o desempenho dos estudantes nas provas do Enem. Ninguém foi obrigado a aderir ao programa, só quem quisesse continuar isento de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, PIS e Cofins.

O DEM sustenta que são inconstitucionais a transferência da atribuição, o teto de renda familiar dos beneficiados, a fixação de normas de desempenho durante o curso, bem como as penas a que estariam sujeitas as faculdades que não cumprissem essas exigências.

A ADI do ex-PFL está no Supremo, na companhia de outras duas e todas já foram rebarbadas pelo relator do processo, o ministro Carlos Ayres Britto. Se ela vier a ser aceita pelo tribunal, bye bye ProUni.

Quando o PFL/DEM decidiu detonar a medida provisória 213, sabia o que estava fazendo. Sua petição, de 23 páginas, está até bem argumentada. O que não vale é tentar esconder o gesto às vésperas de eleição.

Em 1944, quando o presidente Franklin Roosevelt criou a GI Bill que, entre outras coisas, abria as universidades para os soldados que retornavam da guerra, houve políticos (poucos) e educadores (de peso) que combateram a iniciativa.

Todos tiveram a coragem de sustentar suas posições. Em dez anos, a GI Bill botou 2,2 milhões de jovens veteranos nas universidades, tornando-se uma das molas propulsoras de uma nova classe média americana.

O ProUni não criou as bolsas, ele apenas introduziu critérios de desempenho e de alcance social para a obtenção do incentivo. Desde 2004 o programa já formou 110 mil jovens, e há hoje outros 429 mil cursando universidades. Algum dia será possível comparar o efeito social e qualificador do ProUni na formação da nova classe média brasileira. Nessa ocasião, como hoje, o DEM ficará no lugar que escolheu.

Rapidinha da Semana: Antirracismo


Racismo e capitalismo são faces da mesma moeda
Steve Biko

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Foro de São Paulo fortalece a unidade das juventudes da Améria Latina e Caribe

Entre os dias 17 e 20 de agosto, em Buenos Aires, ocorreu o XVI Encontro do Foro de São Paulo, organização criada em 1990 para reunir os partidos progressistas e de esquerda na América Latina e Caribe. Nos marcos da atividade, realizou-se o II Encontro das Juventudes do FSP.

Celebrando 20 anos de existência, o Foro de São Paulo resumiu no tema “Ampliar a unidade dos partidos progressistas, populares e de esquerda, aprofundar as mudanças, derrotar a contra ofensiva da direita e consolidar a integração regional” os principais debates ocorridos ao longo do Encontro e as tarefas necessárias para a esquerda na região.

No âmbito das juventudes partidárias, há o importante reconhecimento no texto base do Encontro da importância de que a “consolidação deste espaço é fundamental para fomentar a educação política entre os jóvens, impulsionar a sustentação de nossos partidos e a renovação geracional; e dar um maior protagonismo político e ideológico a este setor da população”.

A realização do II Encontro das Juventudes do Foro de São Paulo deu continuidade ao esforço iniciado no primeiro encontro, realizado em 2009 no México, e contou com a participação de 64 organizações de 16 países.

A Juventude do PT esteve representada por uma delegação composta por Severine Macedo, Secretária Nacional; Bruno Elias, Coordenador de relações internacionais; Tássia Rebelo, Coordenadora de Assuntos Institucionais; Eduardo Valdoski, Coordenador de Comunicação e Ronaldo Pinto Jr., membro da Direção Nacional. Participaram ainda pela delegação brasileira as representações da Juventude do Partido Socialista Brasileiro e a União da Juventude Socialista.

Durante o encerramento do Encontro, as juventudes partidárias presentes ainda saudariam com o vigor internacionalista que marca o Foro de São Paulo a candidatura de Dilma Rousseff à presidência do Brasil.


A declaração final assinala o apoio das juventudes presentes “às forças que hoje no Brasil, no marco do processo eleitoral, lutam para aprofundar um projeto de desenvolvimento mais democrático e participativo”.

Além da Declaração Final aprovada, o II Encontro das Juventudes do Foro de São Paulo aprovou as propostas da delegação brasileira de realizar uma campanha de apoio político-social no Haiti, a partir de brigadas de jovens e estudantes e a realização de um Seminário de Políticas Públicas para a Juventude, aproveitando a experiência dos vários governos progressistas da da América Latina e do Caribe e o esforço do Observatório e da Rede de Escolas, Fundações e Centros de Estudo do Foro de São Paulo na avaliação das experiências governamentais da região.

Valter Pomar: "16º Encontro do Foro reafirmou unidade das forças progressistas na AL e Caribe"


Em entrevista ao Portal do PT, o secretário-executivo do Foro de São Paulo, Valter Pomar, fez um balanço dos debates realizados e dos resultados alcançados durante o 16º Encontro do organismo internacional que foi realizado na semana passada em Buenos Aires.

Segundo Pomar, o encontro foi altamente positivo, pois contou com a participação de um grande número de delegados que representaram organizações políticas de todos os países latinoamericanos e caribenhos.

Pomar abordou a participação do Partido dos Trabalhadores no encontro e falou também sobre a declaração final aprovada pelo Foro. O documento reafirma a consolidação da unidade das forças progressistas, populares e de esquerda, o aprofundamento do processo de mudanças em cada país e a aceleração do processo de integração regional com o objetivo de derrotar o contra-ataque das forças de direita na região.

Leia a íntegra da entrevista:

Qual é a avaliação da coordenação do Foro de São Paulo sobre o 16º Encontro realizado em Buenos Aires? O encontro superou as expectativas?

O XVI Encontro foi exitoso. Em primeiro lugar, porque contou com a participação de grande número de delegados, representando organizações de de quase todos os países latinoamericanos e caribenhos.Em segundo lugar, porque repercutiu positivamente na Argentina. Registre-se que estivemos com a presidenta Cristina Fernandez, com o secretário geral da Unasul Nestor Kirchner e com outros membros do governo argentino.
Em terceiro lugar, porque aprovou resoluções políticas e organizativas que correspondem às necessidades do momento.

Como avalia a participação do Partido dos Trabalhadores neste encontro?

Comparecemos com uma delegação numerosa, representando a Fundação Perseu Abramo, a Juventude do Partido e a direção do PT. Coordenamos diversos grupos de discussão, entre os quais o de Cultura, o de Gênero e do Escolas e Fundações. José Eduardo Cardozo, nosso secretário geral, discursou no ato de inauguração do Encontro. Iriny Lopes, nossa secretária de relações internacionais, falou no plenário do encontro, contando sobre a situação político-eleitoral no Brasil. Lula mandou uma carta saudando o XVI Encontro. Enfim, acho que contribuímos para o êxito da atividade.

O documento final aprovado pelo encontro teve uma boa repercussão na mídia progressista. Faça uma análise breve sobre o conteúdo do documento e sobre as alternativas apresentadas para se fazer frente ao imperialismo norte-americano e ao neoliberalismo.

A declaração final do Encontro reafirma as principais idéias que estão no documento base: consolidar a unidade das forças progressistas, populares e de esquerda; aprofundar o processo de mudanças em cada país; acelerar o processo de integração regional; derrotar o contra-ataque das forças de direita. Além disso, a declaração final foi muito enfática no tema da paz, no mundo e na região. O Foro defende uma solução pacífica e negociada para o conflito na Colômbia e se dispõe a jogar um papel mais ativo para isto.

Especificamente na América Latina, o que mais preocupa o Foro de São Paulo, no que diz respeito à soberania dos povos e à consolidação da democracia na região?

O mais preocupante é a ingerência externa, especialmente dos Estados Unidos. A verdade é que o administração Obama não alterou, no que tem de essencial, a política dos EUA para a América Latina.

Outro ponto importante levantado nos debates foi sobre a democratização das comunicações. Qual é a posição do Foro sobre o assunto?

No fundamental, a mesma posição do PT, ou seja: é necessário democratizar. Se comunicação é poder, então este poder não pode ser controlado de maneira monopolista, por algumas grandes famílias e empresas privadas. Claro que isto provoca um medo pânico nos proprietários dos grandes meios e também em suas penas de aluguel, que acham "normal" que um patrão mande e desmande na redação, mas acham totalmente exótico que a sociedade estimule o pluralismo, impeça a propriedade cruzada e estimule produções regionais.

A intenção de alguns veículos da grande mídia brasileira de tentar ligar o PT e o próprio Foro às Farc chegou a ser abordada durante o encontro? O vice de Serra continua insistindo nessas acusações, como ocorreu nesta terça-feira durante um debate no Portal Uol.

Claro que não. O Foro estava preocupado em debater os caminhos para a paz na Colômbia. Expliquei isto para os jornalistas brasileiros que foram acompanhar o XVI Encontro, que aliás foi aberto à imprensa. As "acusações" feitas por Índio e por Serra mostra apenas que eles são bonecos de ventríloco dos interesses estadounidenses: não querem resolver a situação, não querem acabar com a guerra, querem apenas fazer manipulação midiática.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O Rio da Bom Dilma!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

CNT/Sensus aponta 18 pontos de vantagem para Dilma

CNT/Sensus: Dilma vai a 46% e Serra tem 28,1%
Dados apontam vitória da petista no primeiro turno, confirmando a tendência evidenciada em levantamentos anteriores

Na mesma linha das pesquisas divulgadas nas últimas semanas, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, ampliou a vantagem em relação ao adversário tucano José Serra em novo levantamento CNT/Sensus, divulgado nesta terça-feira. Pela nova pesquisa, a presidenciável petista cresceu de 41,6% na rodada anterior, realizada entre os dias 20 e 22 de agosto, para 46%. Serra, por sua vez, perdeu espaço. Foi de 31,6% para 28,1%.

Pelo levantamento, Dilma venceria a disputa no primeiro turno, já que possui 55,3% dos votos válidos, superando a soma dos demais adversários, que juntos respondem por 44,7%. A candidata do PV, Marina Silva, oscilou negativamente em relação à pesquisa anterior, passando de 8,5% para 8,1%. Os demais candidatos ao Palácio do Planalto não pontuaram. Brancos e nulos totalizaram 5,1% das intenções de voto e não souberam ou não responderam 11,7% dos entrevistados.

Os números apontam para uma tendência semelhante à pesquisa Vox Populi encomendada pela Band e pelo iG, datada de 17 de agosto. Na ocasião, Dilma contabilizava 45% das intenções de voto e Serra tinha 29%.

O instituto Sensus entrevistou 2 mil pessoas em 136 municípios, entre os dias 20 e 22 de agosto. A margem de erro do levantamento é de 2,2 pontos porcentuais. Os dados foram registrados no Tribunal Superior Eleitoral sob número 24.903/2010.

Os números apontam uma vitória larga de Dilma sobre Serra em um eventual segundo turno. A candidata petista alcançaria 52,9% das intenções de voto, enquanto Serra ficaria com 34%. Na pesquisa anterior, Dilma tinha 48,3% e Serra 36,6%.

Espontânea

Dilma avançou também na pesquisa espontânea. Ficou a 37,2% das intenções de voto. O dado revela um crescimento de quase 7 pontos em relação ao levantamento anterior, quando a petista aparecia com 30,4%. Nesse caso, Serra subiu de 20,2% para 21,2%, uma variação dentro da margem de erro.

Na pesquisa espontânea, quando não são apresentados os nomes dos candidatos, Marina teve 6% das intenções de voto. Ela tinha 5% na rodada anterior. Os demais candidatos não chegaram a 1%.

As citações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não pode concorrer à reeleição caíram de 5% para 2,1%. Votos em branco, nulo ou nenhum somam 5,4%. Outros 25,2% não sabem ou não responderam à pesquisa.

Um Zé fora de hora

José Serra deixou cair a máscara barata. As críticas ao que chamou de "conferencismo", no 8º Congresso Nacional de Jornalismo, vão além do agrado circunstancial ao baronato midiático que lhe apóia na campanha. A direita sabe que o maior legado da Era Lula não se resume ao crescimento econômico com distribuição de renda. O grande feito do governo petista foi mobilizar a sociedade para passar em revista problemas históricos de origem.

Após várias conferências, a história brasileira deixou de ser o recalcamento das grandes contradições, para se afigurar como debate aberto sobre suas questões centrais. Numa formação política marcada pela escravidão, pela cidadania retardatária, com classes sociais demarcadas por distâncias socioeconômicas e por privilégios quase estamentais, o que vivemos no governo Lula foi uma verdadeira revolução cultural.

Além de discutir a mídia e a questão ambiental, foi criada uma nova agenda capaz de combater preconceitos e discriminações, ligados à classe, à raça, ao gênero, às deficiências, à idade e à cultura. Conhecendo os distintos mecanismos de dominação, encurtou-se o caminho da conquista e ampliação de direitos, da afirmação profissional e pessoal. E é exatamente contra tudo isso que se volta a peroração serrista. A sociedade organizada é o pavor dos oligarcas.

O candidato tucano não escolhe caminhos, métodos, processos e meios para permanecer como possibilidade de retrocesso político. A cada dia, ensaia nova manobra de politiqueiro provinciano, muito mais marcado por uma suposta esperteza do que pela inteligência que lhe atribuem articulistas militantes. Continuar chumbado ao sonho presidencial é sua obsessão. De tal intensidade, que já deveria ter provocado o interesse de psiquiatras em vez da curiosidade positivista de nossos “cientistas políticos” de encomenda.

O “Zé que quero lá" não é apenas jingle de campanha; acima de tudo, é o sintoma de um jogo teatral lamentável. Desprovido de recursos que conquistem a simpatia da platéia, se evidencia como burla ética, como o cristal partido que não se recompõe. Como ator político, é uma idéia fora de lugar, uma caricatura de si mesmo. Vocaliza como ninguém o protofascismo de sua base de sustentação.

Por não distinguir cenários, confunde falas. Quando tenta uma encenação leve, resvala para o grotesco. Quando apela para o discurso da competência, sua fisionomia é sempre dura, ostentando ressentimento e soberba. Os Césares romanos davam pão e circo à plebe. Aqui, sendo o pão tão prosaico, o ”Zé" não pode revelar os segredos da lona sob a qual se abriga. Seu problema, coitado, não é de marketing - é de tempo.

No governo em que ocupou duas pastas ministeriais, o cenário era sombrio. Parecia, ao primeiro olhar, que, no Brasil, tudo estava à deriva: desvios colossais na Sudene, na Sudam, no DNER; violação do painel eletrônico do Senado; entrega de ativos a preço vil; racionamento de energia e descrença generalizada na ação política. Os valores subjacentes aos pólos coronel/cliente, pai/filho, senhor/servo, pareciam persistir na cabeça de muitos de nossos melhores cidadãos e cidadãs, bloqueando a consolidação democrática. Era o tempo de Serra.

Tentar voltar ao proscênio oito anos depois é um erro primário. A política econômica é outra. Mais de 32 milhões de pessoas foram incorporadas ao mercado consumidor brasileiro. Segundo o chefe do Centro de Pesquisas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcelo Neri, os cenários projetados até 2014 mostram que é possível duplicar esse número. A mobilidade social gerou um cidadão mais exigente. Uma consciência política mais atenta ao que acontece em todos os escalões do poder, um contingente maior de sujeitos de direito que exige mais transparência e seriedade na administração pública. Esse é o problema do “Zé”. Aquele que, depois de tantas Conferências, poucos o querem lá.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Rapidinha da Semana: Carta de Princípios do PT

"O PT não pretende criar um organismo político qualquer. O Partido dos Trabalhadores define-se, programaticamente, como um partido que tem como objetivo acabar com a relação de exploração do homem pelo homem.
O PT define-se também como partido das massas populares, unindo-se ao lado dos operários, vanguarda de toda a população explorada, todos os outros trabalhadores – bancários, professores, funcionários públicos, comerciários, bóia-frias, profissionais liberais, estudantes etc. – que lutam por melhores condições de vida, por efetivas liberdades democráticas e por participação política.
O PT afirma seu compromisso com a democracia plena, exercida diretamente pelas massas, pois não há socialismo sem democracia nem democracia sem socialismo.
Um partido que almeja uma sociedade socialista e democrática tem de ser, ele próprio, democrático nas relações que se estabelecem em seu interior. Assim, o PT se constituirá respeitando o direito das minorias de expressar seus pontos de vista. Respeitará o direito à fração e às tendências, ressalvando apenas que as inscrições serão individuais.
Como organização política que visa elevar o grau de mobilização, organização e consciência de massas, que busca o fortalecimento e a independência política e ideológica dos setores populares, em especial dos trabalhadores, o PT irá promover amplo debate de suas teses e propostas de forma a que se integrem nas discussões:
• lideranças populares, mesmo que não pertençam ao partido;
• todos os militantes, trazendo, inclusive, para o interior do debate partidário proposições de quaisquer setores organizados da sociedade e que se considerem relevantes com base nos objetivos do PT.
O PT declara-se comprometido e empenhado na tarefa de colocar os interesses populares na cena política e de superar a atomização e dispersão das correntes classistas e dos movimentos sociais. Para esse fim, o Partido dos Trabalhadores pretende implantar seus núcleos de militantes em todos os locais de trabalho, em sindicatos, bairros, municípios e regiões."

A Carta de Princípios do PT, é um documento elaborado pela então Comissão Provisória Nacional do PT, em 1º de maio de 1979, citando a necessidade da criação de um partido que realmente apoiasse a classe trabalhadora oprimida e seus anseios, ao invés fazer com que os movimentos de esquerda da década de 70 continuassem militando e dando organicidade ao MDB.

Vale a pena a leitura. Eu recomendo!!!


A conjuntura na TV

No dia 17 de agosto assistimos na tv muito mais que a apresentação de candidaturas presidenciais. Vimos a apresentação de um projeto para o Brasil por Lula e Dilma e, de outro lado, uma apresentação parcial de problemas na área da saúde pública, por Serra. Esse contraste é simbolicamente revelador de uma grande mudança política e ideológica transcorrida principalmente nos últimos 4 anos no Brasil. Sempre ressalvando que a disputa eleitoral está em curso e que não há vitória antecipada, a conjuntura da disputa presidencial demonstra uma supremacia crescente do projeto representado pelo PT.

Além da série histórica das pesquisas desde o lançamento da candidatura presidencial de Dilma colocando-a como favorita e demonstrando a força desse projeto, chama a atenção a virtual quebra ideológica e programática da candidatura Serra. Seu desfibramento não pode ser avaliado apenas por erros de campanha. É mais profundo, a ponto de se afirmar que 2010 não é um prolongamento de 2006, quando se configurou o que chamamos, então, de disputa de projetos. A proposta neoliberal quebrou e não foi substituída. De outro lado, as conquistas do governo Lula vão se transformando em projeto hegemônico. A conjuntura atual é a supremacia do projeto Lula-Dilma. Sua transformação em vitória eleitoral é o desafio.

O desmanche do neoliberalismo brasileiro

Já em 2006, especialmente no 2º turno, ficou demonstrada a incapacidade do neoliberalismo brasileiro responder ao desafio de dirigir o país novamente. Quando em 1994, com FHC, empalmou a direção do país, foi no auge de um longo impasse nacional, resolvido com o plano real e com uma “vanguarda” política neoliberal, o PSDB, com grande alinhamento internacional, especialmente com os EUA.

A vitória de Lula em 2002 encerrou, parcialmente, a hegemonia neoliberal. Em 2006, já com um novo ciclo (ainda incipiente) de desenvolvimento e mesmo com o PT tendo atravessado sua maior crise, nos anos 2003-05, Lula sagrou-se vencedor política e ideologicamente, com um projeto nacional em construção.

De lá pra cá, tudo piorou para o neoliberalismo. O desenvolvimento nacional ganhou força e uma crise internacional, motivada pelos elementos desencadeados pelo neoliberalismo, fez estragos pelo mundo afora, exceto em países que tinham se protegido com políticas anti-liberais, como o Brasil. E frente a crise, como já observou Juarez Guimarães, o neoliberalismo brasileiro defendeu posições pré-1930, isto é, anti-keynesianas. O governo Lula atuou além do keynesianismo e defendeu o país da crise desde uma perspectiva de esquerda, inclusive elevando o salário-mínimo. Esse processo impulsionou o novo ciclo de desenvolvimento brasileiro; aliado às políticas sociais, ganhou uma nova dimensão, começando a superar limitações históricas do desenvolvimentismo latino-americano (inclusive o famoso teorema da “caixa vazia”, isto é, da ausência de distribuição de renda). Mais do que isso, derrotou o projeto neoliberal. E mostrou isso ao povo.

De um ponto de vista internacional, o neoliberalismo não só perdeu força como deixou se ser uma referência programática – o que não quer dizer que no plano internacional sucedeu algo parecido com o Brasil: a fraqueza das forças de esquerda nos países centrais tem implicado em um campo relativamente livre para a recomposição das forças de direita.

Nesse quadro, a disputa de 2010 não é mais a simples continuidade da de 2006. A disputa de projetos com o programa neoliberal , no mínimo, foi deslocada para questões específicas , embora importantes – como a política referente à taxa de juros e, nesse caso, o embate não é com o PSDB, que foi o responsável pela armadilha financeira, mas diretamente com os interesses financeiros. E também nesse ponto avançamos muito desde 2002. Hoje o Estado conta com fortes bancos públicos e com o BNDES, aliás, o novo alvo de ataque do neoliberalismo.

Mas, é possível avaliar que a vitória foi maior ainda, que a disputa de projetos foi vencida e se trata agora de confirmar e dar o melhor conteúdo ao projeto vencedor. É um processo em curso e que será melhor avaliado em breve.

De todo modo, a base programática e social que sustentou o neoliberalismo brasileiro se esvaiu É por isso que a sustentação da candidatura Serra aparece de modo tão difícil e sua identidade tão desfigurada.

A construção da nova hegemonia

Já havíamos destacado, no artigo anterior, o legado à esquerda do governo Lula. Esse legado, por certo, não é avaliado em função de uma visão esquemática e sectária; ele deve ser estabelecido por uma visão histórica comparativa e por uma avaliação de quais forças disputam com mais chance sua continuidade. É comparativamente de esquerda no sentido de que derrotou a moderna direita brasileira. E deve ter uma perspectiva histórica para que possa apreender as contradições no seu interior e considerar que a luta dos socialistas para que tenha um curso em direção da democracia e da igualdade deve ser mais forte ainda e com maior potencial de realização, embora, por certo, não esteja resolvida. Mas ela já se dá em uma nova e mais favorável situação histórica.

Estabelecer essa base compreensiva é fundamental para entender a força da candidatura Dilma. Aliás, talvez seu desafio mais claro, provavelmente, tenha sido o de colocar-se à altura de representar esse legado, o que vem conseguindo com sucesso.

O processo eleitoral é, em primeiro lugar, a luta pela vitória em condições dadas. E, com regras eleitorais, isto é, com procedimentos muito rentes ao nível de consciência imediato e simbólico. Assim, ele mais reflete uma situação do que transforma essa situação; mas seu resultado pode deslocar forças e representar uma nova conjuntura. Isso porque a disposição de forças depois da eleição é diferente da atual; sendo repetitivo, a correlação de forças se movimenta a favor das forças vencedoras.

Nesse sentido, a campanha Dilma representa a luta pela vitória nas condições dadas, mas sua vitória pode estabelecer uma conjuntura mais favorável para o avanço das linhas mais progressistas do governo Lula e, assim, consolidar uma nova hegemonia no país.

Em parte esse processo se dá na própria campanha, mas certamente prossegue na hipótese de um governo Dilma. Na campanha, ele se dá com as posições que a candidatura presidencial assume e com as posições que o PT e outros partidos de esquerda conquistem dentro do resultado final. Isso se estende, naturalmente, à luta pelos governos estaduais e pela maior bancada do PT e da esquerda.

O projeto hegemônico e seus desafios

A superação do neoliberalismo brasileiro se dá por vitórias políticas históricas – em 2002, em 2006 e na crise econômica internacional de 2008-09 – e por avanços processuais no governo. Além disso, e não menos importante, por uma recomposição da força social e econômica da classe trabalhadora nos últimos 8 anos. A resultante desse processo não é um programa acabado. É um processo que constrói um programa, que tem um sentido histórico com potencial de desenvolvimento à esquerda, isto é, com espaço crescente para o ideário socialista-democrático. Esse processo em curso, no entanto, já estabeleceu marcos diferenciadores frente ao neoliberalismo por certo, mas também face ao desenvolvimentismo clássico. Em relação ao primeiro, porque não há mais o culto do mercado; em relação ao segundo, e de forma menos conflitiva, porque agora temos desenvolvimento ao mesmo tempo que distribuição de renda. E,como disse o presidente Lula no programa da Dilma, nosso projeto “só está começando”.

Mas se um novo projeto reúne condições de hegemonia, elementos do antigo continuam presentes, mas cada vez mais em contradição com o novo curso. Um desses elementos é o Congresso Nacional, cada vez menos representativo da mudança social (e do potencial de cidadania participativa que ela traz) que ocorre no Brasil.

Um projeto de mudança mais amplo e profundo deverá conter não só a reforma política democrática mas também a democratização de estruturas do poder de Estado. Além disso, e em perspectiva, um avanço histórico de mudanças deve incluir novas relações sociais no campo da economia e da propriedade, no sentido da sua democratização. Em qual tempo isso pode se desenvolver depende da correlação de forças e dos programas reais de transformação. Obviamente, não é o tempo eleitoral imediato, mas o tempo do próximo governo e mesmo dos seguintes. É o tempo aberto por uma mudança importante na correlação de forças que poderá significar a eleição de Dilma e de governadores e parlamentares do PT e da esquerda.

Um problema “externo” que temos de levar em conta é que o ambiente internacional não caminha nessa direção, embora aumentem as contradições dentro do imperialismo. Não há mais a mesma força centralizadora dos EUA, mas é difícil encontrar algum país com desenvolvimento político próximo ao do Brasil. É verdade que o espaço de atuação não controlada pelos EUA aumentou, mas as condições internas tanto dos países centrais como de países com possibilidade de jogar um papel internacional de maior peso não parecem ter evoluído à esquerda com a crise. Nos EUA, onde assistimos a importante derrota dos conservadores com a eleição de Obama, continua prevalecendo a política imperialista ainda que – a avaliar – internamente possam vir a se desenvolver, na sociedade, movimentos democráticos em conflito com o governo democrata.

As decorrências desta observação implicam, em primeiro lugar, em considerar a intervenção internacional do Brasil e do PT um dos elementos importantes da nossa estratégia de construção de uma nova hegemonia; em segundo lugar, a compreensão de que uma aliança renovada entre a direita nacional e a ordem imperialista – um aspecto que sempre marcou a direita brasileira – se constitui como um dos pontos de sustentação da oposição à nova hegemonia.

Essas observações, que projetam um período para além da disputa eleitoral, não pretendem minimizar o problema imediato e decisivo, sem o qual o anterior não vale: é preciso vencer as eleições, transformar em votos e em maioria eleitoral as conquistas que obtivemos nos 8 anos de governo Lula.

Fortalecimento do PT e da esquerda nas eleições

Junto com a eleição de Dilma buscamos a eleição de governos estaduais e da maior bancada do PT e da esquerda. Desde os debates anteriores ao 4º Congresso do PT, em fevereiro, defendemos uma tática conjunta e combinada de conquista desses objetivos, e contra a idéia de luta separada por esses resultados. Nossa posição vem se confirmando. O crescimento da candidatura Dilma é acompanhado pelos crescimento de candidaturas estaduais do PT e da esquerda e do PMDB que apóia Dilma. E ainda das candidaturas ao senado e as proporcionais.

Na verdade, a fonte desse crescimento é a mesma: um governo amplamente aprovado, um presidente com profunda identidade popular e um partido que cresce, novamente, em respeito e em adesão política.

Muitos analistas caracterizam esse fenômeno como lulismo. Poderíamos aceitar essa denominação desde que acrescentada do fato de que com o “lulismo” vem junto o “petismo”. O PT não só recuperou seus índices de partido mais respeitado e de partido de maior simpatia popular como avançou. Em algumas pesquisas chega a 30% de simpatia. Mas o mais interessante é que justamente no amplo setor “lulista” que apóia Dilma, o PT chega a quase 40% como partido preferido.

Essa força política deve buscar a maior vitória dentro da vitória maior que é a eleição de Dilma. Naturalmente ela deve se dar em conjunto com as alianças, sobretudo as com a esquerda dentro da ampla frente que cresce no apoio a Dilma. Mas ela deve ser buscada e dirigida pelo PT no sentido de ampliar ao máximo suas conquistas.

Essa é uma condição fundamental para que a construção da nova hegemonia se desenvolva com uma perspectiva de esquerda.

PT de Luta!!! PT de massas!!! De volta onde tudo começou.

Lula no ABC: "Dilma veio pegar energia na porta da fábrica onde tudo começou"

Numa assembleia especial que reuniu cerca de 10 mil trabalhadores na porta da fábrica da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, o Presidente Lula "apresentou" no início da manhã desta segunda-feira (23), a ex-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff como candidata do PT e dele a presidente.

Lula chamou Dilma de "presidenta" e disse que, embora as pesquisas sejam favoráveis, não dá para ganhar a eleição apenas com elas. "Quanto mais as pesquisas ficam favoráveis, mais a gente tem de assumir responsabilidade", disse ele, às 6 horas.

Acompanhado dos candidatos a governador de São Paulo Aloizio Mercadante (PT) e a senador Marta Suplicy (PT-SP), Lula destacou a importância de trazer a candidata do PT a presidente para a porta de uma fábrica, onde a história política dele começou. "Era importante Dilma pegar energia aqui, na porta de uma fábrica, onde tudo começou." Além de Mercadante e Marta, estavam o deputados Antonio Palocci (PT-SP) e José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP), coordenadores da campanha da candidata do PT, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e antigos colegas do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Depois do breve comício, o presidente desceu do caminhão de som, acompanhado de Dilma e dos candidatos do PT a governador e a senador por São Paulo, para cumprimentar os operários na entrada da unidade. "Não é sempre que um trabalhador pode pegar na mão de uma mulher presidente da República", justificou. Durante o discurso, o presidente lembrou dos tempos de sindicato e dos principais companheiros que acompanharam a trajetória dele. "Aqui, passamos um pouco de tudo", disse a Dilma. Lula propôs-se ainda a panfletar diante da fábrica. "Como vou perder o emprego em 1º de janeiro, nada como aprender a entregar panfleto outra vez", brincou.

A última vez que Lula visitou a empresa foi em 2006, nos 50 anos da fábrica, menos de um mês após a reeleição ao cargo.Desde a sexta-feira, esse é o terceiro evento na Grande São Paulo. O maior colégio eleitoral do País é administrado há 16 anos pelo PSDB e um dos poucos Estados em que o candidato a presidente José Serra (PSDB) está à frente da candidata petista nos levantamentos de intenção de voto. "Se Deus está conosco, quem está contra a gente?", perguntou Lula.

Em visita em junho à fábrica da Volkswagen, também em São Bernardo do Campo, o presidente havia informado que voltaria ao ABC durante a campanha. Na época, Lula disse aos funcionários da montadora que não estranhassem caso ele subisse em palanques às 6 horas.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Lindberg convoca Juventude Petista à organizar comitês de campanha

Não haverá socialismo enquanto houver racismo

Introdução

A construção do estado brasileiro consolidou-se pela implementação da ideologia racista que perdura até hoje, sob várias formas de manifestações. Desde a crueldade escravocrata à "sutileza" da contemporaneidade que mantém na diferença da cor da pele a exclusão racial. Estatisticamente os índices oficiais comprovam que vivemos em dois países distintos. O Brasil negro em relação aos índices de desenvolvimento humano (IDH) da ONU compara-se aos países mais subdesenvolvidos do mundo. O país não negro tem mais acesso aos meios de desenvolvimento sócio econômico; saúde, educação, habitação, e trabalho. Estando entre os países desenvolvidos na escala mundial.Esta tabulação realizada pelo economista Marcelo Paixão cita também que comparativamente a população negra carece de saneamento básico, e ao mesmo tempo é a principal vítima da violência institucionalizada.

As relações sociais e políticas no Brasil trazem consigo esta herança estrutural, crônica, e emblemática. É importante lembrarmos que este sistema é originário de formulações teóricas que justificavam a inferioridade dos africanos em relação aos europeus. Relegando ao povo negro a condição inumana sob o signo da plena civilização e do desenvolvimento da humanidade. A partilha da África pela Europa pragmaticamente irrompeu a sociedade de matriz africana implementando o capitalismo mercantilista. O escravismo e a exploração das riquezas naturais sustentaram o desenvolvimento comercial e industrial no mundo. O mesmo regime foi adotado no Brasil a partir do tráfico negreiro, que alicerçou a construção do estado brasileiro. Mantido por mais de 300 anos pelas instituições e pela legislação constitucional.

A abolição da escravatura em 1888 estabeleceu um novo período do racismo brasileiro. Expulsando a população negra de um Brasil moderno, cosmético, e eurocêntrico. Sem qualquer tipo de indenização pela força do seu trabalho. Este momento oficializou o neocolonialismo onde os negros carregariam o estigma da cor da pele, como diferencial nas relações raciais. Nisto, houve também a expulsão dos negros das terras e do mercado de trabalho devido ao processo de embranquecimento promovido pelo estado. Criando-se uma classe trabalhadora assalariada de imigrantes europeus.

Reparação. Ações Afirmativas, e Cotas.

Em 29 de Abril de 1993 em Abuja, Nigéria, a Organização de Unidade Africana e o Grupo de pessoas eminentes apresentam na África a necessidade de criar mecanismos para a consolidação do tema Reparação. Este referencial de luta resgataria as perdas resultantes do escravismo, colonialismo, e neocolonialismo na África e na diáspora. A suspensão da dívida externa seria um fator preponderante como eixo central de reivindicação. O princípio básico é a responsabilidade do Estado como sustentáculo de regimes nefastos e desumanos.A Reparação resgata o que foi espoliado e reestrutura a sociedade a partir de conceitos e princípios de matriz africana.

No caso de Brasil, justifica-se a situação de exclusão racial contemporânea devido a participação do Estado na institucionalização do racismo durante o regime escravocrata e pós-abolicionista. Conclui-se que os índices de exclusão da população negra atualmente têm uma origem histórica, "o processo de construção do estado brasileiro". Mas, além de tudo, Reparação é rever o que parece lógico nos parâmetros morais, éticos, educacionais e políticos de uma sociedade formada através de processos de segregação e exploração. Estes padrões devem ser contestados pois representam referenciais dentro da ótica de manutenção da elite e da burguesia. A relação política vigente no país, a corrupção, e o crime organizado demonstram a institucionalização da visão da oligarquia que permanece monopolizando os rumos do país.

A Reparação é o elemento que deve desmascarar a hipocrisia e se colocar antagonicamente ao sistema sócio econômico vigente que vem inviabilizando qualquer mudança concreta. Se não resgatar o que foi espoliado, não há Reparação. As ações Afirmativas são políticas integracionistas oriundas do governo americano na década de 60, onde várias ações de políticas públicas e privadas foram implementadas. Conjuntamente com o sistema de cotas raciais na educação e no mercado de trabalho principalmente. O movimento de resistência pelos direitos civis liderados por Matin Luther King, Malcom X, Panteras Negras exigiu medidas concretas do governo americano. Os avanços são consideráveis em áreas como a educação, mas o abismo de distribuição e concentração de renda privilegia os brancos largamente em relação aos negros.

No Brasil, estamos acompanhando uma grande polêmica em função das políticas de cotas nas universidades. Do ponto de vista do movimento negro esta reivindicação está no limite da inoperância do próprio poder público. Esta falta de compromisso efetivo agrava a situação da população negra em todo o país. O Estado em si não demonstra interesse na transformação da ordem sócio econômica mantendo a cor da pele como parâmetro de diferença étnica, e impedindo o acesso a oportunidades iguais. Sendo assim, a política de cotas torna-se necessária e urgente como mecanismo de discriminação positiva à integração de grupos excluídos como os afrodescendentes. Nisto, criou-se uma grande aversão e contrariedade de segmentos da sociedade e da população em geral em relação às cotas. Os argumentos vão desde privilégios até a caracterização paliativa da proposição. Ou mesmo que a questão da exclusão é geral independente da cor da pele, sendo de fato estritamente econômica. A defesa da política de cotas é necessária para estabelecer uma situação real e pragmática com a mudança das relações raciais no Brasil.

Conjuntura Nacional

O Programa "Brasil sem Racismo" do Partido dos Trabalhadores foi o referencial de diretrizes de políticas públicas para o Governo Lula, embora não constasse a Reparação como eixo principal a ponto de ser suprimida do texto. Este fato reflete limites de rompimento da ordem estrutural, admitido por setores do movimento negro da corrente articulação unidade na luta. A carta aos brasileiros já acenava a posição do futuro governo em relação aos contratos internacionais e ao Fundo Monetários Internacional. Sem dúvida, o Governo Lula avançou assumindo a responsabilidade do estado pelas dívidas causadas pelo tráfico negreiro. A nomeação de ministros negros e criação da SEPPIR - Secretaria Especial pela Promoção da Igualdade Racial demonstram o interesse do governo em criar mecanismos que articulem políticas públicas para os afrodescendentes. Em 2005 foi decretado pelo presidente o ano da promoção da igualdade racial, onde se realizará a Conferência Nacional da SEPPIR para construção de políticas públicas.

No cenário municipal, tivemos uma boa experiência em Porto Alegre na gestão do prefeito João Verle, que demonstrou convicção na implementação de medidas importantes como o processo reparatório que reconhece o Quilombo da Família Silva. Este território está localizado em um bairro nobre de grande interesse imobiliário. Outra ação importante da administração popular foi a legislação do sistema de cotas nos concursos municipais. No entanto, devemos analisar a conjuntura atual evidenciando alguns fatores conceituais previamente expostos para concluirmos com precisão o quadro das relações raciais.

A referencia principal é o projeto político do campo de esquerda e o comprometimento com a construção do socialismo. Além dos princípios básicos acumulados a partir do debate da Democracia Socialista e sua inserção no movimento social negro. Comecemos explicitando situações de contradições e vários problemas relacionados a política de governo e a visão da sociedade. Vejamos fatos que estão na pauta do movimento negro brasileiro; tramita no congresso nacional o Estatuto da Igualdade Racial, de autoria do senador Paulo Paim, que esperamos que seja aprovado este ano. Sabemos que dois pontos polêmicos podem descaracterizar a essência do projeto, ou seja, o fundo de reparação que não é defendido pelo governo, e a linha da diversidade aplicada para suprimir a especificidade de ações para a população negra. Esta última posição é simplesmente contrária ao acúmulo do movimento negro.

Quanto a Reforma Universitária, deveria trazer em sua centralidade as questões crônicas de sucateamento da universidade pública e gratuita. Como também a respeito da falta de investimento orçamentário. Propondo o melhoramento das condições estruturais, e melhores salários ao quadro funcional, aumentando a qualidade e ampliando a oferta de vagas. Ao contrário disto, o PROUNI propõe subsídio fiscal às instituições privadas de ensino, classificadas como filantrópicas, ou cadastradas como sonegadoras.

As cotas raciais estão sob o condicionamento dos interesses corporativos da iniciativa privada que sempre abusou da lucratividade acima de tudo. Dessa maneira, o tema cotas foi jogado no fogo cruzado a partir da aversão da sociedade pela falta de aprofundamento do debate. As instituições de ensino privado reagiram contrariamente e o Congresso Nacional divagou na tentativa de desgastar o governo. Aliás, se o governo tivesse no seu programa a implementação do sistema de cotas, garantiria este critério nos concursos públicos realizados até agora.

Em relação á titulação e demarcação das terras remanescentes de quilombos a meta estabelecida em 2004 sequer foi priorizada, demonstrando uma nulidade em relação a conquistas objetivas. A Fundação Cultural Palmares vem realizando um bom trabalho na certificação e acompanhamento das demandas das comunidades quilombolas no país. O Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra demonstram um tratamento incipiente para a questão, além da falta de orçamento necessário para o processo de demarcação, indenização, e titulação. Contudo, ainda temos sérios problemas em algumas regiões do país como no Rio Grande do Sul, onde a ampliação da BR 101 atinge o território quilombola da comunidade do Morro Alto em Osório. Em Gravataí, a comunidade de Manuel Barbosa tem a GM - General Motors sobre suas terras.

Analisando estas questões: Estatuto, Prouni e Quilombos, nota-se que a concepção elitista que detém o poder continua mantendo privilégios. Acionando as barreiras estruturais que impossibilitam avanços concretos. Ainda mais, quando a política econômica converge com a manutenção desde modelo, que não permite avanços sociais. Neste sentido, o movimento negro social realizará em novembro a marcha ZUMBI + 10, que cobrará do estado brasileiro a suas responsabilidades. E o compromisso em reparar os danos cometidos pelo regime escravocrata que perdura até hoje.

No dia 19 de março passado em São Paulo, várias organizações do movimento negro e do movimento social, além de partidos políticos do campo de esquerda, setores da igreja católica e dos terreiros de matriz africana, estiveram debatendo a organização da marcha que prevê mais de 100 mil participantes. Neste cenário, é necessário que a Democracia Socialista reafirme o seu propósito de referencia no campo da luta de classes, e na organização dos trabalhadores com o viés da luta racial. Pois um projeto político para o país que desconsidere que mais da metade da população é negra estará fadado ao fracasso.

No âmbito da construção partidária, a corrente deve consolidar-se como referencia de esquerda no Partido dos Trabalhadores. Buscando evidenciar as contradições do rumo do Governo Lula. Rearticulando-se com os movimentos sociais e defendendo as conquistas da classe trabalhadora. Reavaliando a prioridade de atuação a partir dos espaços institucionais. Isto vem causando uma verdadeira descaracterização dos princípios básicos de uma tendência revolucionária e comprometida com a luta internacional.


Artigo publicado no caderno de debates para a conferencia nacional extraordinaria da Democracia Socialista,corrente interna do Partido dos Trabalhadores em 2005

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Piadinha da Semana: Serra Comedor!!! KKKKKKKKK



Obs.: Espero que as companheiras não entendam essa postagem como uma reprodução do machismo.

José Serra mente em debate. O DEM quer sim acabar com o ProUni

Acompanhe ao vivo o 1º debate on line dos presidenciáveis.

José Serra disse no debate promovido pelo Uol e Folha, que não era verdade da candidata Dilma quando se referiu ao DEM ter entrado no STF pedindo o fim do ProUni. Para mostrar que José Serra é mentiroso, leia o processo publicado na página do STF.

Quarta-feira, 02 de abril de 2008
Ministro Carlos Ayres Britto vota pela constitucionalidade do ProUni

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto votou hoje (2) pela constitucionalidade do ProUni, o Programa Universidade para Todos. O Programa foi alvo de Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs 3330, 3314 e 3379) logo após ser criado pelo governo, por meio de medida provisória, depois convertida na Lei 11.906/05. O julgamento foi interrompido pelo ministro Joaquim Barbosa, que pediu vista do processo.

Em seu voto, Ayres Britto rechaçou um a um os argumentos contra o ProUni. A Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenem), os Democratas (DEM) e a Federação Nacional dos Auditores Fiscais da Previdência Social (Fenafisp) alegam que o programa criou uma discriminação entre os cidadãos brasileiros, ofendendo os princípios constitucionais da isonomia e da igualdade

Pela lei, as universidades privadas devem instituir políticas de ações afirmativas para receber recursos do ProUni, com reserva de parte das bolsas de estudo para alunos que tenham cursado o ensino médio completo em escola da rede pública ou em instituições privadas na condição de bolsista integral, sendo que parte das bolsas deve ser concedida para negros, indígenas e pessoas portadoras de necessidades especiais. Além disso, a lei determina que as bolsas de estudo integrais só podem ser concedidas a brasileiros cuja renda familiar mensal per capita não exceda 1,5 salário-mínimo.

Ayres Britto disse que é pelo combate eficaz a situações de desigualdade que se concretiza a igualdade e que a lei pode ser utilizada como um instrumento de reequilíbrio social, se não incidir em discriminação. “Não se pode criticar uma lei por fazer distinções. O próprio, o típico da lei é fazer distinções, diferenciações, `desigualações´ para contrabater renitentes `desigualações´.”

Ao citar a máxima de que “a verdadeira igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais”, Ayres Britto lembrou que a lei beneficia estudantes com carência patrimonial e de renda, uma faixa da população que tem sido alvo de ciclos repetitivos de desigualdades.

“A `desigualação´ em favor dos estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas e os egressos de escolas privadas que hajam sido contemplados com bolsa integral não ofende a Constituição pátria, porquanto se trata de um discrímen que acompanha a toada de compensação de uma anterior e factual inferioridade [patrimonial e de renda]”, concluiu.

Isenção tributária
Outra inconstitucionalidade apontada é que a lei teria desvirtuado o conceito constitucional de entidade beneficente de assistência social, criando regras para as entidades aderirem ao ProUni e limitando o poder estatal de tributar, o que só poderia ser feito por meio de lei complementar.

Ayres Britto também afastou esses argumentos. Ele disse que as entidades beneficentes de assistência social abarcam as de assistência educacional e que a lei do ProUni tão-somente criou um “critério objetivo de registro contábil compensatório da aplicação financeira em gratuidade por parte das instituições educacionais”.
Matéria penal

As entidades argumentaram, ainda, que a lei tratou de matéria penal ao fixar penalidades para instituições que descumprirem as obrigações assumidas no termo de adesão ao ProUni. Ayres Britto disse que as determinações da lei “nem de longe” trataram de matéria penal. Segundo ele, elas transitam no campo de matéria administrativa e foram produzidas de modo cuidadoso, tanto que fazem questão de condicionar eventual sanção a uma entidade somente após a instauração de procedimento administrativo, assegurado o contraditório e o direito de defesa.

Abertura de Comitê


terça-feira, 17 de agosto de 2010

Lula fala aos internautas

Dilma continua subindo!!! Quanto ao Serra...



A candidata Dilma Rousseff (PT) aparece na frente na corrida pela Presidência da República, segundo pesquisa Ibope de intenção de voto divulgada nesta segunda (16).

A petista aparece com 43% das intenções de voto contra 32% do adversário José Serra (PSDB). De acordo com o Ibope, em terceiro lugar está Marina Silva (PV), com 8%. No levantamento anterior do Ibope, divulgado no último dia 6, Dilma tinha 39%, Serra, 32%, e Marina, 8%.

A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou menos. Isso indica que Dilma pode ter entre 41% e 45% e Serra, entre 30% e 34%.

A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S. Paulo". O Ibope ouviu 2.506 eleitores com mais de 16 anos em 174 municípios de quinta-feira (12) a domingo (15). Está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 23548/2010.

Dos demais candidatos, Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Eymael (PSDC), Ivan Pinheiro (PCB), Levy Fidelix (PRTB), Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Rui Costa Pimenta (PCO) e Zé Maria (PSTU), nenhum alcançou 1% das intenções de voto.

Os eleitores que responderam que votarão em branco ou nulo somaram 7% e os que se disseram indecisos, 9%.

De acordo com o Ibope, considerando-se apenas os votos válidos, excluindo brancos, nulos e indecisos, Dilma tem hoje 51% das intenções de voto, enquanto Serra tem 38%, Marina tem 10% e os outros candidatos somam 1%.

Neste cenário, se as eleições fossem hoje, Dilma poderia ser eleita no primeiro turno. Levando-se em conta a margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, os votos válidos da candidata podem variar de 49% a 53%.

Segundo turno
Em um eventual segundo turno entre Dilma e Serra, o Ibope apurou que a petista teria 48% e Serra, 37%. Nesse cenário, votariam nulo ou em branco 8% dos eleitores. Os que se disseram indecisos somam 7%.

Na pesquisa divulgada uma semana antes, a petista tinha 44% e Serra, 39% em um hipotético segundo turno entre os dois.

INTENÇÃO DE VOTO PARA PRESIDENTE, em %
Dilma Rousseff (PT) 43
José Serra (PSDB) 32
Marina Silva (PV) 8
Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) 0
Eymael (PSDC) 0
Ivan Pinheiro (PCB) 0
Levy Fidelix (PRTB) 0
Rui Costa Pimenta (PCO) 0
Zé Maria (PSTU) 0
Indecisos 9
Branco ou nulo 7
Fonte: Ibope
0 - Não atingiu 1%

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Primeiro turno?

Marcos Coimbra

A cada momento, as eleições suscitam perguntas diferentes. Já foram várias: Dilma decolará? Serra será candidato? Marina vai empolgar? Quanto de sua popularidade Lula conseguirá transferir? A mais nova e interessante diz respeito a um cenário que muitos consideravam impensável há pouco tempo: será que Dilma vai ganhar no primeiro turno?

Algumas pessoas acham que apenas formular essa pergunta é tomar partido de Dilma, querer que ela vença ou torcer por ela. São os que supõem que a hipótese é tão absurda que só faria sentido na cabeça de um “dilmista”.

Na verdade, não. São cada vez mais numerosos os analistas que trabalham com essa possibilidade. Até quem sempre raciocinou unicamente com a situação inversa, de Serra vencer no primeiro turno, hoje admite que ela exista e que está se tornando a cada dia mais provável.

Já faz tempo, no entanto, que as pesquisas permitiam antevê-la. A rigor, desde o final do ano passado, quando Serra ainda estava com folgada dianteira. Bastava levar em conta o que diziam as pessoas que conseguiam estabelecer a ligação entre Dilma e Lula.

Entre os que sabiam que ela era a candidata do presidente, a liderança do ex-governador desaparecia e os dois ficavam com a mesma intenção de voto. Mas, ao considerar o perfil socioeconômico dos que não sabiam, via-se que ela tinha grande potencial de crescimento, bastando, para isso, que a informação aumentasse e alcançasse os segmentos mais propensos a votar em seu nome.

De dezembro em diante, as pesquisas foram mostrando que, a cada ponto que subia o conhecimento de que ela era a candidata de Lula, aumentavam suas intenções de voto. Ou seja, embora Serra continuasse liderando, sua vantagem era frágil, pois se sustentava em algo que a campanha eleitoral se encarregaria de alterar. Era a desinformação que lhe dava vantagem, e essa tenderia a desaparecer à medida que a eleição se avizinhasse.

Lula fez o que estava ao seu alcance para que cada vez mais pessoas identificassem Dilma como sua candidata. Levou-a a todos os palanques, convidou-a para inaugurações e solenidades, viajou com ela Brasil afora. Mas foi a imprensa quem mais contribuiu para que seu objetivo – universalizar a informação de que ele a apoiava – fosse sendo progressivamente atingido.

Em 2010, fora seus discursos para as platéias reunidas nesses eventos, Lula só se dirigiu diretamente ao conjunto dos eleitores para falar em Dilma uma vez: quando estrelou os comerciais e o programa partidário do PT em maio. Apenas nessa oportunidade usou uma mídia de massa para falar olhando nos olhos do eleitor e pedir seu voto.

Hoje, cerca de 80% dos eleitores são capazes de associar Dilma a Lula, mas menos de 25% dizem conhecê-la bem. Faltam 20% que sequer a conhecem e há uma larga fatia que somente sabe seu nome.

Engana-se quem olha seus atuais 40% de intenções de voto como teto. Ela chegou a esse patamar através de um processo de difusão da informação que alcançou o eleitor popular fundamentalmente através do chamado “boca a boca”. Nele, a bem dizer, a televisão foi apenas coadjuvante.

Quando, a partir da semana que vem, a propaganda eleitoral começar e Lula passar a aparecer diariamente no programa e nos comerciais na TV e no rádio, Dilma deverá entrar em uma nova etapa de crescimento. Até onde irá, é difícil dizer.

Como as perspectivas de crescimento de Serra são reduzidas, a esperança de quem quer dois turnos se deslocou para Marina e os pequenos candidatos. Mas a mídia que terão é tão exígua (Marina, por exemplo, disporá de um único comercial em horário nobre por semana) que é pouco provável que sejam sequer percebidos pela maioria do eleitorado.

É por essas (e outras) que quem entende de eleição cada vez mais considera possível a vitória, em primeiro turno, da candidata de Lula.

* Marcos Coimbra é presidente da Vox Populi.

Lindberg Farias: "O PT vai crescer em Angra dos Reis"

A onda vermelha tomou conta de Angra dos Reis na última sexta-feira. O candidato ao Senado Lindberg Farias participou do lançamento da campanha do Deputado Federal Luiz Sérgio a reeleição, caminhando com a vibrante militância que coloririu as ruas do centro de nossa cidade com bandeiras vermelhas. Em frente ao cais, Lindberg discursou ao lado de Luiz Sérgio, Inês Pandeló, Conceição Rabha e outr@s companheir@s.

Saudando os presentes, Lindberg começou sua fala a partir da importância do PT em Angra para nosso estado:

– Não há como falar da história do PT no nosso estado sem falar de Angra dos Reis, porque aqui começou a nossa primeira experiência administrativa no Rio de Janeiro; sendo aplaudido pela multidão em seguida.

– Temos um desafio em Angra: precisamos devolver esta prefeitura para as mãos do PT e eleger uma bancada forte no Congresso Nacional. O Luiz Sérgio será nosso deputado federal, serei o senador do Rio e a Dilma Rousseff presidente da república. O PT precisa ganhar mais espaço no Rio de Janeiro, e um militante consciente vale muito. Temos orgulho do desenvolvimento econômico que Lula proporcionou ao Brasil, e esse sentimento nos dá ainda mais força. Rumo à vitória – exclamou Lindberg.

Também presente no ato da militância petista, o presidente estadual da CUT, Darby Igayara, percorreu o município ao lado do deputado Luiz Sérgio. Para ele, Luiz Sérgio representa a força dos trabalhadores no interior do Rio de Janeiro. Darby também aposta na qualidade do trabalho de Lindberg.

– Lindberg certamente será um ótimo senador. Teremos no Rio o Governo do Estado, o Governo Federal e o Senado aliados e bem qualificados – destacou.

A Onda Vermelha em Angra mobilizou mais de 2 mil pessoas. A coordenação da campanha de Dilma e Luiz Sérgio na região ficou entusiasmada com a quantidade de presentes no ato.

É muito satisfatória a gente ver a companheirada na luta, ocupando as ruas e praças defendendo as nossas candidaturas e comprometida com a mudança que o PT está fazendo no país inteiro com o Lula. Precisamos seguir nesse mesmo caminho e lutar para que Angra tome os mesmos rumos que o Brasil.

Vamos à Luta!!!

Saudações Petistas!!!

Rapidinha da Semana: O Socialismo Petista.

"O PT não concebe o socialismo como um futuro inevitável, a ser produzido necessariamente pelas leis econômicas do capitalismo. Para nós, o socialismo é um projeto humano cuja realização é impensável sem a luta consciente dos explorados e oprimidos.
Um projeto que, por essa razão, só será de fato emancipador na medida em que o concebemos como tal, ou seja, como necessidade e ideal das massas oprimidas, capaz de desenvolver uma consciência e um movimento efetivamente libertários. Daí porque recuperar a dimensão ética da política é condição essencial para o restabelecimento da unidade entre o socialismo e humanismo."

10º ponto do Socialismo Petista. Resolução aprovada no 7º Encontro Nacional do PT, em 1990.

Resumo da 6ª semana de campanha.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O campo de Dilma e de Lula

“a história é um carro alegre, cheio de um povo contente,
que atropela indiferente todo aquele que a negue...”.
(Chico Buarque e Pablo Milanês
)

Na pesquisa Vox Populi, divulgada em 25 de julho, a vantagem de Dilma sobre Serra no meio urbano é de 4 pontos percentuais (43 X 39); no rural a vantagem é de 25 pontos (55 X 30). Na pesquisa Sensus, do período 31 de julho a 2 de agosto, divulgada pela Confederação Nacional dos Transportes, a história se repete. A vantagem de Dilma no urbano é de 7,6 pontos (39,9 X 32,3) e no rural é de 24 pontos (51,2 X 27,2). Mais: nesta mesma pesquisa o Governo Lula tem 79,3% de aprovação no meio urbano e 87% no rural. O índice de desaprovação ao governo no urbano é de 15,1%, enquanto no rural é de 10%.

Ou seja, estamos muito bem no meio rural, aquele mesmo que historicamente sempre nos pareceu refratário às propostas da esquerda e que sempre foi visto, com razão, como território eleitoral dos partidos conservadores. Quem vive e trabalha no campo aprova o Governo Federal e quer continuidade. Ficou difícil continuar afirmando que não fizemos nada ou muito pouco. Aos mais céticos talvez valha a pena tentar entender porque tem tanta gente satisfeita com nossos programas. A menos que prefiram a máxima de que “o povo não sabe votar e não entende de política”. A seguir algumas pistas para tentar compreender este povo que – aposto! – é sábio:

1) Reconhecemos a diversidade do meio rural e de caminhos para o seu desenvolvimento. Ouvimos a voz e defendemos direitos a outras populações que estavam condenadas a invisibilidade: sem terra, agricultores familiares, extrativistas, pescadores, ribeirinhos, quebradeiras de coco, varzeteiros, indígenas e quilombolas;

2) Contribuímos para democratizar o acesso a terra. Em sete anos o Governo assentou 574,6 mil famílias. Isto significa 59% do total das famílias assentadas em toda a história do país. Foram 46 milhões de hectares de terra destinados para a Reforma Agrária (53% do total de terras destinadas para a Reforma agrária em toda a história do país e uma área maior que o estado de São Paulo e Paraná). E, ainda, 74 mil famílias conseguiram acessar a terra via o crédito fundiário.

3) Garantimos o direito à terra com a regularização de 134 mil posses (Ceará, Piauí, Minas Gerais etc), dos territórios de 82 comunidades quilombolas, beneficiando 4.217 famílias com a emissão de 60 títulos numa área total de 174,4 mil hectares.

4) Fortalecemos a agricultura familiar: Mais de um milhão de famílias foram incorporadas ao sistema de crédito agrícola ( PRONAF), especialmente no norte e nordeste do país. O volume de crédito passou de minguados R$ 2,4 bilhões em 2003 para R$ 16 bilhões em 2010. Com o Seguro Agrícola de clima e de preços, que já beneficiam mais de 2,5 milhões de famílias, não há mais o risco do endividamento.

5) Garantimos mais mercado e mais renda para a agricultura familiar. O Programa Mais Alimentos permitiu a aquisição, nos últimos dois anos, de 30 mil novos tratores (de 1996 a 2006, em 10 anos somente 7,2 mil estabelecimentos tinham conseguido comprar um trator). O Programa de Aquisição de Alimentos – PAA já beneficiou 764 mil famílias, com investimentos de R$ 2,7 bilhões, adquirindo a preço justo quase 2 milhões de toneladas de alimentos. O PAA Leite organizou a cadeia produtiva do leite no nordeste, aumentado e regularizando a oferta e melhorando o preço pago aos agricultores.

6) Agora podemos ter uma alimentação escolar com produtos de qualidade da própria região. Este ano começou a vigorar a Lei da Alimentação Escolar que determina que pelo menos 30% dos recursos da alimentação escolar deverão ser gastos na compra direta de alimentos da agricultura familiar. Isto representa uma reserva de mercado de mais de R$ 1 bilhão, incentivo para o desenvolvimento local e mais saúde para as crianças.

7) O Programa Nacional de Biodiesel já incorporou na cadeia produtiva 54 mil famílias, nas regiões mais empobrecidas do país, com uma receita média em 2009 de R$ 9 mil por família. Em 2010, as compras de matéria prima da agricultura familiar chegarão a R$ 1,1 bilhão. A Petrobrás Biocombustíveis, além de ofertar assistência técnica, correção de solos e sementes, estabelece contratos de compra da produção de oleaginosas por um prazo de cinco anos a preços justos.

8) Apostamos na autonomia econômica para garantir a igualdade das mulheres rurais. Mais de 550 mil mulheres foram beneficiadas com a emissão de documentos - CPF, RG, Carteira de Trabalho, Registro de Nascimento; com a titulação conjunta obrigatória da terra na reforma agrária as mulheres titulares de lote já são 56%. O Pronaf Mulher já beneficiou 37 mil projetos exclusivos e de 2003 a 2008 foram 1,9 milhões de operações de crédito tendo as mulheres como titulares.

9) Apostamos no desenvolvimento das regiões. De forma inédita as políticas agrícolas, de educação, saúde, cultura e seguridade social começam a chegar ao mesmo tempo. O Programa Territórios da Cidadania coordena e integra políticas públicas de 22 ministérios e estados em 120 territórios (1.852 municípios) com a alocação de mais de R$ 27 bilhões em 2010.

Os resultados estão aí. De 2003 a 2008 a renda da Agricultura Familiar cresceu 30% acima da inflação, enquanto a média do país foi de 11%. Neste mesmo período, 4,8 milhões de pessoas saíram das condições de pobreza no meio rural. Nos últimos anos surgiram novas 412 mil propriedades da agricultura familiar no país. Ou seja, estamos invertendo a tendência de êxodo rural. Com crédito, assistência técnica, seguro e política de preços, a agricultura familiar e os assentados da reforma agrária passaram a produzir 70% de tudo aquilo que os brasileiros consomem no dia-a-dia.

Na contramão desta transformação democrática, o candidato José Serra recentemente defendeu o fim do Ministério do Desenvolvimento Agrário e a unificação da Política Rural em único órgão. Vale dizer, o fim de políticas próprias e distintas para a agricultura familiar e para a reforma agrária, motor destas mudanças.

O que fica claro é que estas eleições apresentam opções muito diferentes e com enormes conseqüências para o meio rural. O aprofundamento do caminho atual com Dilma ou um radical retrocesso com Serra.

A julgar pelas pesquisas o meio rural brasileiro já percebeu isto e já fez sua opção. Como sempre acontece, é o povo que escreve o melhor da história. E mais uma vez o nosso povo – mulheres e homens camponeses, agricultores familiares, assentados, populações tradicionais, trabalhadores rurais – mostra-nos que sabe comemorar conquistas e continuar lutando.

Uma lição de lucidez e persistência.

Guilherme Cassel, PT (RS), é ministro do Desenvolvimento Agrário.