*Ivonei Pires
Desde que foi criada, a Secretaria Nacional de Combate ao Racismo do PT (SNCRPT) cumpre um papel decisivo de diálogo com os movimentos sociais para direcionar e influenciar na instância partidária as questões centrais sobre promoção da igualdade e combate ao racismo no País.
Desde que foi criada, a Secretaria Nacional de Combate ao Racismo do PT (SNCRPT) cumpre um papel decisivo de diálogo com os movimentos sociais para direcionar e influenciar na instância partidária as questões centrais sobre promoção da igualdade e combate ao racismo no País.
Ainda
hoje, inegavelmente, é um tema que atinge a classe trabalhadora, como
se consagrasse o encontro histórico da construção do Movimento Negro no
Brasil e o nascimento do Partido dos Trabalhadores. A grande
efervescência dos anos 70 descambou em marcos de luta na organização
sindical, dos trabalhadores, da cidadania, da democracia e das chamadas
‘minorias’.
Enquanto
iniciavam os debates sobre a fundação de um partido que tivesse ampla
participação dos movimentos sociais e dos trabalhadores e trabalhadoras,
os negros atiçavam na Bahia a fundação do Bloco Afro Ilê Aiyê e, no
País, a criação do Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação
Racial, entre outras ações.
Desde
seu surgimento, o PT tem sangue e suor da militância negra, com toda
diversidade das organizações do movimento negro. Esse é um patrimônio
nosso: a despeito dos debates e disputas programáticas das denominações,
conseguimos incorporar ao programa do PT ações e formulações que faziam
parte da luta política comum a todos do movimento.
O
objetivo da nossa SNCRPT deve ser ajudar os coletivos estaduais,
construindo intervenções propositivas e, com base em dados concretos,
fortalecer e retomar seu protagonismo interno no PT para dar
centralidade nas formulações em defesa de um Brasil onde mulheres e
homens negros acessem políticas públicas, direitos, serviços e o poder.
Decerto
que louvamos os avanços alcançados pelos governos do PT, sobretudo o
resgate da dívida social, com divisão de renda, ascensão da classe
trabalhadora, participação popular, acesso à educação e expansão da
participação da população negra na universidade, além de oferta de
serviços que são direitos essenciais, como a chegada de água e energia
elétrica onde antes se convivia com a seca e a escuridão.
Contudo,
o povo Negro continua sofrendo com a iniquidade no sistema de saúde e
no mercado de trabalho; a mulher negra ainda é subjugada duplamente por
uma sociedade machista e branca; a juventude negra segue exposta à
cooptação pelo tráfico de drogas ou ao extermínio imposto por milícias
clandestinas nos grandes centros urbanos.
O
racismo está na nossa sociedade entranhado em normas, práticas e
comportamentos. Aprofundar esses debates no PT é fundamental para
alcançarmos mais vitórias para o povo Negro e intensificarmos a
formulação das políticas afirmativas em nosso país.
O
debate racial no Brasil precisa do PT. Precisamos de uma movimentação
que inclua e identifique os avanços, sem negar alterações crucias pelas
quais o País precisa passar. Construir um partido nos marcos do
feminismo, da luta anti-homofobia e do combate ao racismo requer debate,
formação e muita persistência.
*Ivonei Pires é Bacharel em Direito, Assessor da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da Assemleia Legislativa da Bahia e ex Secretário Estadual de Combate ao Racismo do PT\BA.
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