Por *Daniel Gaspar
A exploração midiática da associação entre quebra do sigilo da filha do presidenciável e Dilma Roussef tenta resgatar o imaginário recente da batida e rebatida tese oposicionista de aparelhamento do Estado brasileiro pelos tentáculos do Partido do Polvo – alusão que a semanal Veja faz essa semana ao PT e ao presidente Lula, pela reconhecida base social de ambos e pelo nome molusco de nosso governante. É possível fazer uma leitura histórica e sociológica do tal fenômeno político de ocupação de cargos pro determinado partido político e demonstrar que a mídia, mais uma vez, conta um caso e esconde outros.
Um deles, por exemplo, data de meados dos anos 60, especificamente em 1º de abril de 64, talvez o maior caso de aparelhamento do Estado brasileiro que já tivemos notícia: a Ditadura Militar. Fechamento de instituições, nomeação de governadores talvez sejam suas mais vis e latentes formas de expressão. De braços dados com o aparelho militar a nossa mídia, hoje crítica à indicação política de cargos por partidos que passaram pelo teste do sufrágio universal, método que não vigorava na época da festejada Revolução de 64 pelo jornal O Globo e seus pares. O professor de Direito da PUC-SP Pedro Serrano tentou lembrar isso em recente entrevista à global Mônica Valdvoguel. Vejam no link: http://www.youtube.com/watch?v=et8tyFbENX4
Mas tudo isso deve ser esquecido em nome da reconciliação da sociedade brasileira, já diriam alguns doutos julgadores do STF. Pois bem, então não busquemos fatos tão longínquos, vamos aos anos 90, período da hegemonia de um processo de desaparelhamento do Estado através do corte de gastos e desqualificação mercadológica conseqüente de inúmeras empresas estatais. Desaparelhamento até hoje sentido pela população brasileira e descrito por Dilma Roussef em entrevista publicada no livro organizado pelos professores Emir Sader e Marco Aurélio Garcia “Brasil – Entre o Passado e o Futuro.
Ora, então a opinião histórica dos principais meios de comunicação no Brasil acerca do fenômeno do aparelhamento parecem contraditórias. Antes aparelhamento militar, nos anos 90 desaparelhamento em favor do mercado, o que dá coesão a esse discurso? É a política, bolas. O papel dos militares foi fazer com que o Estado brasileiros funcionasse com eficiência concentrando renda; o papel de Collor e dos tucanos teve o mesmo fim, liberando o campo pro mercado desigualar ainda mais as pessoas.
E por que a meia volta no tema a partir da eleição de Lula? Pelo mesmo motivo: a política. Não podem deixar que um Estado recupere a sua função de executor de serviços públicos de qualidade e chame o cidadão a participar de sua formulação, de modo algum. Criação de estatais e de cargos públicos, realização de Conferências temáticas só servem para amarrar seus correligionários, aliados e movimentos sociais – estes cooptados, ta? -, reproduzem diariamente e semanalmente os jornais e revistas de opinião. E nem venham avisar a eles que a OEA classifica o Estado brasileiro como raquítico, com baixo número de funcionários públicos.
Se o elemento central que orienta o discurso da mídia nas últimas décadas é a sua opinião política acerca da evolução histórica brasileira, por que fingir que não a tem durante as eleições? Por que não tomar partido, já que ela já tomou a função de partido da oposição?
*Daniel Gaspar é diretor de Relações Internacionais da UNE
A exploração midiática da associação entre quebra do sigilo da filha do presidenciável e Dilma Roussef tenta resgatar o imaginário recente da batida e rebatida tese oposicionista de aparelhamento do Estado brasileiro pelos tentáculos do Partido do Polvo – alusão que a semanal Veja faz essa semana ao PT e ao presidente Lula, pela reconhecida base social de ambos e pelo nome molusco de nosso governante. É possível fazer uma leitura histórica e sociológica do tal fenômeno político de ocupação de cargos pro determinado partido político e demonstrar que a mídia, mais uma vez, conta um caso e esconde outros.
Um deles, por exemplo, data de meados dos anos 60, especificamente em 1º de abril de 64, talvez o maior caso de aparelhamento do Estado brasileiro que já tivemos notícia: a Ditadura Militar. Fechamento de instituições, nomeação de governadores talvez sejam suas mais vis e latentes formas de expressão. De braços dados com o aparelho militar a nossa mídia, hoje crítica à indicação política de cargos por partidos que passaram pelo teste do sufrágio universal, método que não vigorava na época da festejada Revolução de 64 pelo jornal O Globo e seus pares. O professor de Direito da PUC-SP Pedro Serrano tentou lembrar isso em recente entrevista à global Mônica Valdvoguel. Vejam no link: http://www.youtube.com/watch?v=et8tyFbENX4
Mas tudo isso deve ser esquecido em nome da reconciliação da sociedade brasileira, já diriam alguns doutos julgadores do STF. Pois bem, então não busquemos fatos tão longínquos, vamos aos anos 90, período da hegemonia de um processo de desaparelhamento do Estado através do corte de gastos e desqualificação mercadológica conseqüente de inúmeras empresas estatais. Desaparelhamento até hoje sentido pela população brasileira e descrito por Dilma Roussef em entrevista publicada no livro organizado pelos professores Emir Sader e Marco Aurélio Garcia “Brasil – Entre o Passado e o Futuro.
Ora, então a opinião histórica dos principais meios de comunicação no Brasil acerca do fenômeno do aparelhamento parecem contraditórias. Antes aparelhamento militar, nos anos 90 desaparelhamento em favor do mercado, o que dá coesão a esse discurso? É a política, bolas. O papel dos militares foi fazer com que o Estado brasileiros funcionasse com eficiência concentrando renda; o papel de Collor e dos tucanos teve o mesmo fim, liberando o campo pro mercado desigualar ainda mais as pessoas.
E por que a meia volta no tema a partir da eleição de Lula? Pelo mesmo motivo: a política. Não podem deixar que um Estado recupere a sua função de executor de serviços públicos de qualidade e chame o cidadão a participar de sua formulação, de modo algum. Criação de estatais e de cargos públicos, realização de Conferências temáticas só servem para amarrar seus correligionários, aliados e movimentos sociais – estes cooptados, ta? -, reproduzem diariamente e semanalmente os jornais e revistas de opinião. E nem venham avisar a eles que a OEA classifica o Estado brasileiro como raquítico, com baixo número de funcionários públicos.
Se o elemento central que orienta o discurso da mídia nas últimas décadas é a sua opinião política acerca da evolução histórica brasileira, por que fingir que não a tem durante as eleições? Por que não tomar partido, já que ela já tomou a função de partido da oposição?
*Daniel Gaspar é diretor de Relações Internacionais da UNE
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