quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Entrevista exclusiva de Joana Parolli



Matéria retirada do Blog Avante



Ser liderança nacional de movimento estudantil, em um país continental como o nosso, é estar constantemente com o pé na estrada. Entre idas e vindas aos aeroportos e longas viagens em ônibus nem sempre confiáveis, dormir no conforto da própria casa acaba virando algo raro.

Ainda assim, tem gente que gosta.

Pouco mais de um mês após o fim de seu mandato na direção da UNE, Joanna Paroli demonstra não ter nenhuma intenção de largar essa correria. Candidata do movimento Avante à Secretaria Nacional da JPT, ela se prepara novamente para deixar Salvador e rodar o Brasil de norte a sul para apresentar e debater a tese da sua chapa com a juventude petista.


Blog Avante!: Apesar da pouca idade, você já tem um histórico de pelo menos 8 anos de militância política. O que mudou da Joanna diretora de grêmio estudantil para a Joanna candidata à direção da juventude do maior partido de esquerda do país?

Joanna Paroli: Os valores, aqueles que se amparam na busca por uma nova dinâmica social, em que haja mais solidariedade e equidade, se mantiveram muito sólidos. Agora, ao longo dessa jornada foram agregadas outras vivências e responsabilidades crescentes. Sem dúvida, a opção de me organizar num partido de orientação socialista e assumir essa tarefa partidária como prioridade foram definidores. No mais, houve um processo natural, com algumas dificuldades, mas sobretudo, de construção coletiva. Portanto, essa candidatura é fruto de uma ampla mobilização, que agrega jovens petistas dos mais diversos setores e estados, com um programa afinado que entende a juventude como sujeito ativo da Revolução Democrática. Temos a convicção de que a juventude brasileira tem o potencial para ser a força motriz do aprofundamento das transformações experimentadas em nosso país. Sendo assim, convocamos o conjunto da militância jovem do PT a conhecer o Movimento Avante e participar das discussões que surgirão pós II Congresso da JPT.

A!: Como sua experiência na direção da UNE pode ajudar em uma eventual gestão como Secretária Nacional da JPT?

JP: Considero a UNE uma grande porta-voz da juventude brasileira. Inclusive, a JPT bebeu muito das experiências cumuladas nos 74 anos de história da entidade e, em contrapartida, influenciou muito nos rumos dela. As lutas organizadas pela UNE são reflexo das demandas juvenis, que se mantêm atuais. A bandeira do acesso à educação pública de qualidade e das ações afirmativas, por exemplo, têm influência direta na garantia de oportunidades e direitos à juventude. Além disso, o constante diálogo e pactuação política com o conjunto dos movimentos sociais e outras organizações de esquerda colocam muitos desafios aos/às dirigentes da UNE. Os dois anos em que militei na entidade foram de muita luta, mobilizações, diálogo e formulação política. E, óbvio, sabemos que a maior parcela desse segmento está fora das salas de aula e é tarefa do ME, em conjunto com outras entidades juvenis, pensar estratégias e cobrar, com firmeza, os governos.

A!: Os veículos da grande mídia frequentemente “convocam” o movimento estudantil a protestar contra os governos do PT. A tese deles é que o governo Lula teria cooptado o movimento estudantil e, por isso, a pressão do movimento teria diminuído em relação ao período de Collor e FHC, por exemplo. Como você vê essas críticas? Qual a diferença de fazer movimento estudantil nos anos 90 e nos anos 2000?

JP: A grande mídia no nosso país tem lado e posição. Está a serviço das elites e do poder econômico, e se movimenta como tal. Nos dias de hoje, atacam a UNE, CUT e o MST, símbolos da esquerda brasileira, também como meio de conter o processo de consolidação da consciência popular anti-neoliberal. A juventude está mais otimista e o partido de maior referência da população é o PT. O movimento estudantil é agente político importante e deve assumir as tarefas do seu tempo. Além disso, as gerações constroem sua identidade apropriando-se das lutas latentes do período, conduzindo eventos marcantes e constituindo uma memória coletiva. A geração de 90 construiu o “Fora Collor” e protagonizou a resistência ao governo longo e desastroso de FHC. Naquela época estava sendo implementada a política da exclusão, de muitas privatizações e investimento zero na universidade pública. Nos anos 2000, rompemos com o avanço neoliberal e foi aberto um momento de grandes possibilidades para a classe trabalhadora. Passou a ser um governo em disputa e com suas contradições. Nossa geração tensiona essa condição, quando discute a reforma universitária, a defesa das cotas, o Pré-sal e o PNE. Há algumas semanas, a UNE e a UBES realizaram uma grande marcha em Brasília pelos 10% do PIB para a educação, que reuniu dezenas de milhares de jovens. Hoje, é investido menos de 4%, é urgente ampliar o financiamento público na educação!

A!: Quais são as principais políticas públicas que estarão na pauta de reivindicações da JPT frente ao Governo Federal no próximo período?

JP: A JPT, tanto na sua tarefa partidária como quando na militância cotidiana no movimento social e na esfera institucional, não deve titubear na defesa radical do programa socialista. Isso significa unificar as agendas e construir mobilização popular. O Governo Dilma precisa aprofundar as mudanças promovidas nos últimos 8 anos. Por exemplo, a inclusão social deve ser combinada com mais distribuição de renda e construção de autonomia. No bojo das PPJ’s (Políticas Públicas de Juventude), é necessário desenvolver uma Política de Estado, com marcos legais e planejamento, além de implementar os Programas já existentes, como o PROJOVEM e o PROUNI. É preciso ter mais vitórias referentes às políticas educacionais e um bom momento para isso será a votação do Plano Nacional de Educação – PNE, ainda este ano, na Câmara. E, com muita centralidade, precisamos fortalecer a CUT e influenciar na agenda pelo trabalho decente.

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