O racismo surge no mundo como uma forma de garantir dominação política, social, econômica e cultural de um agrupamento étnico sobre o outro. O Racismo constrói mecanismos de perpetuação brutais. Uma elite organiza as leis, opiniões, ações públicas e midiáticas para garantir sua manutenção. No Brasil esta ação acontece em detrimento de outra parcela majoritária da população, a comunidade negra.
As desigualdades raciais existentes em nosso país têm em suas bases uma estreita relação com a estruturação em classes de nossa sociedade. Em uma sociedade regida por uma democracia liberal, amparada em preceitos burgueses, o preconceito racial cumpre novas funções e ganha novas formas de aplicação, ainda mais eficientes no intuito de manter negras e negros fora dos espaços de formação e conhecimento que possam garantir algum tipo de ascensão social.
Percebe-se hoje que o capitalismo começa a discutir, de forma tardia a inclusão dos negros e das negras. O que desejamos é influenciar a estratégia dessa inclusão. As empresas começam a discutir diversidade étnico racial, a enxergar o público negro como potencial consumidor e comercializar produtos específicos para a comunidade negra. Mas até onde estas ações são reparadoras?
A alternativa política a esta lógica, para nós, deve se expressar nas tradições e culturas de nosso povo, que nas suas origens africanas, cultua a democracia, o respeito à diferença e a solidariedade entre gerações, gênero e orientação sexual.
Desta forma nós jovens negras e negros, organizados na Democracia Socialista, corrente interna do Partido dos Trabalhadores, acumulamos para os diversos espaços de militância.
Somos mulheres negras feministas, construímos o movimento de mulheres através da Marcha Mundial das Mulheres, lutamos por um mundo anticapitalista e contra a desigualdade de gênero, por entender o duplo fenômeno do racismo e do sexismo que são estruturantes desse modelo que mercantiliza principalmente a vida das mulheres.
Construímos o movimento Enegrecer Kizomba no movimento estudantil, estamos na CSD (CUT Socialista e Democrática), no movimento sindical e em vários outros movimentos progressistas e populares
Defendemos o socialismo como superação do sistema capitalista que usa o racismo para sustentar-se. Queremos uma sociedade na qual a diversidade seja respeitada. As políticas de reparação existem para corrigir distorções históricas provocadas por uma elite que nos oprime. Esta elite construiu postos de trabalho, universidades, espaços de lazer e cultura exclusivo a esta camada social. Os espaços reservados aos negros e negras, por sua vez, são apenas aqueles de subserviência. Não aceitaremos as exceções, como se a inclusão de um pequeno grupo de negros resolvesse o problema. As políticas de reparação devem abranger toda população negra.
Mesmo após politicas combinadas de transferência de renda e valorização do salario pago aos jovens trabalhadores e trabalhadoras e a um avançado esforço de se promover, por meio de políticas publicas, a igualdade entre as diferentes etnias, a juventude negra ainda se encontra afastada do importante processo de inclusão social.
Identificamos no movimento social negro, um potencial revolucionário de intervenção e agregação em nosso país. Este que nasceu das lutas dos negros e negras escravizados, que nunca se renderam as atrocidades impostas pelo regime escravagista que perdurou quase quatro séculos no Brasil e que ainda, nos dias atuais, colhemos seus desdobramentos.
O ponto de partida para traçarmos as tarefas dos negros e das negras no interior da estratégia da revolução democrática é o reconhecimento da nova etapa na vida política do Brasil, caracterizada por novos ares democráticos, e com características bem adversas daquelas vividas a bem poucos anos atrás, marcada pela polarização do debate neoliberal.
Vivemos momentos de relevância impar na conjuntura brasileira e mundial, em que demonstra mais uma vez as inquietações, angústias e aflições da população negra. Isso se dá, pelas formas das quais o racismo se fortalece para excluir essa parcela significativa da população e pela nova perspectiva de atuação e organização da mesma no movimento social, criada a partir da implantação do Projeto Petista que, representa, para a população negra uma nova plataforma de lutas em prol de uma sociedade socialista.
As desigualdades de gênero e raça estão nitidamente expressas nos indicadores do mercado de trabalho. A linha que projeta a escolaridade de negros e brancos tem linhas opostas, ou seja, o branco tem um maior acesso na entrada e permanência na escola o que causa vantagens em diversos aspectos de sua vida, principalmente no mercado de trabalho.
Desejamos avançar em debates pontuais como a dupla exposição da jovem mulher negra, discriminada pelo racismo e pelo machismo; as relações com o movimento social negro; o combate à intolerância religiosa, principalmente as religiões de matrizes africanas; e a defesa das comunidades quilombolas.
Compreendemos a juventude como um momento de transformação na vida da/do indivíduo, momento este cercado de incertezas, mas rico em experimentações, trocas e conhecimento, quando se formará a perspectiva de cidadãos plenos que desejamos ser, esta compreensão deve ser balizadora no processo de formulação destas politicas para a juventude negra aonde se torne fundamental discutirmos a relação juventude ,trabalho, acesso a renda e o direito a tempo livre para se viver este momento singular e importante na vida de todas e todos nós
Acumulamos também como pauta máxima e imediata, a luta pelo fim do extermínio da juventude negra, defendemos prioritariamente o direito a vida. Estamos organizados e lutamos em conjunto com as demais organizações juvenis negras contra o extermínio deliberado sofrido por nossa juventude, além de procurarmos abrir um diálogo com a sociedade e com as autoridades públicas sobre as formas de enfrentar esse fenômeno.
A ausência de políticas públicas, as abordagens racistas dos meios de comunicação, os homicídios e a marginalização de jovens negros/as originam esse fenômeno trágico de destruição das raízes e condições de sobrevivência de nossa juventude.
Esse extermínio é sistemático e representa a ineficiência ou mesmo o desinteresse do Estado em promover a igualdade e respeito entre os cidadãos e cidadãs, sobretudo ao povo negro.
Por meio das nossas manifestações afro-brasileiras reivindicamos nossa autonomia, nossa história milenar, mas também construimos a aliança com outros oprimidos, na perspectiva revolucionária e internacionalista. Essa é a perspectiva que queremos, que é inspirada na figura de Exu que, para nós, representa a negação da negação. Exú nega os preconceituosos que negam o direito às diferenças; e as instituições que negam o direito à liberdade de expressão e pensamento. Ele nega a sociedade onde o homem é inimigo do homem. Ele é rigoroso e duro sem jamais perder a sua ternura. E a população negra tem muito a ensinar sobre isso.
Nós, do coletivo Enegrecer, lançamos nossa carta de apresentação. Somos jovens, negras e negros que se organizam na Democracia Socialista (DS) e independentes. Reafirmamos nosso compromisso com o Partido dos Trabalhadores (PT), com a Juventude Negra do nosso partido (JN13) e com as lutas do povo Negro. Queremos nos somar às lutas e ajudar a construir vitórias coletivamente. Para tal, queremos construir uma cultura racial e revolucionaria para todos os espaços juvenis.
Clédisson Júnior
As desigualdades raciais existentes em nosso país têm em suas bases uma estreita relação com a estruturação em classes de nossa sociedade. Em uma sociedade regida por uma democracia liberal, amparada em preceitos burgueses, o preconceito racial cumpre novas funções e ganha novas formas de aplicação, ainda mais eficientes no intuito de manter negras e negros fora dos espaços de formação e conhecimento que possam garantir algum tipo de ascensão social.
Percebe-se hoje que o capitalismo começa a discutir, de forma tardia a inclusão dos negros e das negras. O que desejamos é influenciar a estratégia dessa inclusão. As empresas começam a discutir diversidade étnico racial, a enxergar o público negro como potencial consumidor e comercializar produtos específicos para a comunidade negra. Mas até onde estas ações são reparadoras?
A alternativa política a esta lógica, para nós, deve se expressar nas tradições e culturas de nosso povo, que nas suas origens africanas, cultua a democracia, o respeito à diferença e a solidariedade entre gerações, gênero e orientação sexual.
Desta forma nós jovens negras e negros, organizados na Democracia Socialista, corrente interna do Partido dos Trabalhadores, acumulamos para os diversos espaços de militância.
Somos mulheres negras feministas, construímos o movimento de mulheres através da Marcha Mundial das Mulheres, lutamos por um mundo anticapitalista e contra a desigualdade de gênero, por entender o duplo fenômeno do racismo e do sexismo que são estruturantes desse modelo que mercantiliza principalmente a vida das mulheres.
Construímos o movimento Enegrecer Kizomba no movimento estudantil, estamos na CSD (CUT Socialista e Democrática), no movimento sindical e em vários outros movimentos progressistas e populares
Defendemos o socialismo como superação do sistema capitalista que usa o racismo para sustentar-se. Queremos uma sociedade na qual a diversidade seja respeitada. As políticas de reparação existem para corrigir distorções históricas provocadas por uma elite que nos oprime. Esta elite construiu postos de trabalho, universidades, espaços de lazer e cultura exclusivo a esta camada social. Os espaços reservados aos negros e negras, por sua vez, são apenas aqueles de subserviência. Não aceitaremos as exceções, como se a inclusão de um pequeno grupo de negros resolvesse o problema. As políticas de reparação devem abranger toda população negra.
Mesmo após politicas combinadas de transferência de renda e valorização do salario pago aos jovens trabalhadores e trabalhadoras e a um avançado esforço de se promover, por meio de políticas publicas, a igualdade entre as diferentes etnias, a juventude negra ainda se encontra afastada do importante processo de inclusão social.
Identificamos no movimento social negro, um potencial revolucionário de intervenção e agregação em nosso país. Este que nasceu das lutas dos negros e negras escravizados, que nunca se renderam as atrocidades impostas pelo regime escravagista que perdurou quase quatro séculos no Brasil e que ainda, nos dias atuais, colhemos seus desdobramentos.
O ponto de partida para traçarmos as tarefas dos negros e das negras no interior da estratégia da revolução democrática é o reconhecimento da nova etapa na vida política do Brasil, caracterizada por novos ares democráticos, e com características bem adversas daquelas vividas a bem poucos anos atrás, marcada pela polarização do debate neoliberal.
Vivemos momentos de relevância impar na conjuntura brasileira e mundial, em que demonstra mais uma vez as inquietações, angústias e aflições da população negra. Isso se dá, pelas formas das quais o racismo se fortalece para excluir essa parcela significativa da população e pela nova perspectiva de atuação e organização da mesma no movimento social, criada a partir da implantação do Projeto Petista que, representa, para a população negra uma nova plataforma de lutas em prol de uma sociedade socialista.
As desigualdades de gênero e raça estão nitidamente expressas nos indicadores do mercado de trabalho. A linha que projeta a escolaridade de negros e brancos tem linhas opostas, ou seja, o branco tem um maior acesso na entrada e permanência na escola o que causa vantagens em diversos aspectos de sua vida, principalmente no mercado de trabalho.
Desejamos avançar em debates pontuais como a dupla exposição da jovem mulher negra, discriminada pelo racismo e pelo machismo; as relações com o movimento social negro; o combate à intolerância religiosa, principalmente as religiões de matrizes africanas; e a defesa das comunidades quilombolas.
Compreendemos a juventude como um momento de transformação na vida da/do indivíduo, momento este cercado de incertezas, mas rico em experimentações, trocas e conhecimento, quando se formará a perspectiva de cidadãos plenos que desejamos ser, esta compreensão deve ser balizadora no processo de formulação destas politicas para a juventude negra aonde se torne fundamental discutirmos a relação juventude ,trabalho, acesso a renda e o direito a tempo livre para se viver este momento singular e importante na vida de todas e todos nós
Acumulamos também como pauta máxima e imediata, a luta pelo fim do extermínio da juventude negra, defendemos prioritariamente o direito a vida. Estamos organizados e lutamos em conjunto com as demais organizações juvenis negras contra o extermínio deliberado sofrido por nossa juventude, além de procurarmos abrir um diálogo com a sociedade e com as autoridades públicas sobre as formas de enfrentar esse fenômeno.
A ausência de políticas públicas, as abordagens racistas dos meios de comunicação, os homicídios e a marginalização de jovens negros/as originam esse fenômeno trágico de destruição das raízes e condições de sobrevivência de nossa juventude.
Esse extermínio é sistemático e representa a ineficiência ou mesmo o desinteresse do Estado em promover a igualdade e respeito entre os cidadãos e cidadãs, sobretudo ao povo negro.
Por meio das nossas manifestações afro-brasileiras reivindicamos nossa autonomia, nossa história milenar, mas também construimos a aliança com outros oprimidos, na perspectiva revolucionária e internacionalista. Essa é a perspectiva que queremos, que é inspirada na figura de Exu que, para nós, representa a negação da negação. Exú nega os preconceituosos que negam o direito às diferenças; e as instituições que negam o direito à liberdade de expressão e pensamento. Ele nega a sociedade onde o homem é inimigo do homem. Ele é rigoroso e duro sem jamais perder a sua ternura. E a população negra tem muito a ensinar sobre isso.
Nós, do coletivo Enegrecer, lançamos nossa carta de apresentação. Somos jovens, negras e negros que se organizam na Democracia Socialista (DS) e independentes. Reafirmamos nosso compromisso com o Partido dos Trabalhadores (PT), com a Juventude Negra do nosso partido (JN13) e com as lutas do povo Negro. Queremos nos somar às lutas e ajudar a construir vitórias coletivamente. Para tal, queremos construir uma cultura racial e revolucionaria para todos os espaços juvenis.
Clédisson Júnior
Diretor de Combate ao Racismo da UNE
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